O investimento pesado que alguns clubes têm feito no mercado para garantir a contratação de reforços trouxe à tona um assunto muito importante, e ainda bastante desconhecido: o fair play financeiro. Mas, antes de falar sobre a possibilidade de instaurar a medida no futebol brasileiro, é necessário entender o que é e como ele funciona.
O objetivo principal do fair play financeiro é tornar o mercado mais sólido e estável, com mais capacidade econômica para as equipes e, consequentemente, transparência nas transações. A ideia é deixar as equipes mais disciplinadas na questão financeira, com gasto responsável, de forma com que a instituição garanta ter condições de arcar com suas obrigações.
Nesse cenário, a Comissão Nacional de Clubes deu o pontapé inicial no debate que visa implementar a medida no futebol brasileiro. Na última segunda-feira (2), uma reunião foi realizada na sede da CBF para discutir o tema já visando a temporada 2025.
A reunião contou com representantes de Atlético-GO, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Internacional, Palmeiras, São Paulo e Vasco – além de dois membros das Séries B e C – e ao todo, representam os 60 clubes das Séries A, B e C.
De acordo com o ‘GE’, a reunião abordou temas sobre calendário e arbitragem, além de claro, avaliar a chance de aderir o fair play financeiro no Brasil. A ideia é que os encontros sejam realizados mensalmente, todos na sede da Confederação Brasileira de Futebol, no Rio de Janeiro.
Vale ressaltar que o tema voltou à tona pelas movimentações das equipes na janela de transferências e, claro, para debater os casos de clubes que devem e não arcam com seus compromissos firmados.
O tema, inclusive, gerou rusgas entre os presidentes de Flamengo e Botafogo, que deram declarações recentes sobre o assunto. Rodolfo Landim, que comanda o Rubro-Negro, criticou a movimentação do Alvinegro no mercado, através de um grupo de whatsapp.
— Acho que só neste ano eles já investiram 75 milhões de euros (cerca de R$ 450 milhões), ou seja, aproximadamente o número que você apresentou como sendo desde 2021. Isso para um clube que teve um faturamento de R$ 322 milhões no ano passado. Sejam bem-vindos aos tempos de SAF sem fair play financeiro -, pontuou Landim.
John Textor rebateu a declaração do presidente do Flamengo, esclareceu sobre as receitas do Botafogo e fez questão de demonstrar ser favorável à implementação do fair play financeiro no Brasil.
— É sabido que gosto e respeito o Rodolfo (Landim), e é verdade que acredito na ideia de trazer o fair play financeiro para o Brasil, mas posso confirmar que nossas receitas aumentaram de forma tão significativa que nossos níveis salariais atuais estão em apenas 45% das receitas. Isso está bem abaixo do limite de 75% imposto pelo fair play financeiro. Portanto, está claro que essa versão do Botafogo ainda seria possível se as regras europeias do FFP fossem aplicadas no Brasil.
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