42 times foram prejudicados por conta de manipulação

Sede da CBF no Rio de Janeiro (Foto: Cahê Mota/Globo Esporte)

Em CPI das Apostas, empresário confessa manipulação e cita Textor

Na terça-feira passada, 9, o empresário William Rogatto depôs na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, ele declarou que John Textor, proprietário da SAF do Botafogo, está correto em suas alegações.

De acordo com o empresário, que declarou ter rebaixado pelo menos 42 equipes, os funcionários que trabalharam para ele agiram contra o proprietário da SAF. Assim, Textor teria razão ao questionar as decisões tomadas nos Campeonatos Brasileiros de 2022 e 2023.

-Vocês falaram do John Textor, não é? Não sei as provas que John Textor tem, tá? Mas uma coisa eu posso falar: as pessoas que trabalharam para mim também trabalharam contra ele nesse campeonato, e as pessoas falam que não. Não estou aqui para enfrentar… Leila [Pereira, presidente do Palmeiras], não quero te enfrentar jamais, não estou falando que você fez ou não, está bom? Mas eu te garanto que o John Textor não está totalmente errado. Mas, enfim, é só pra você entender a dimensão em que está o futebol, cara. Entende? O que o chamam de louco, ele não é tão louco assim, disse.

John Textor, dono da SAF do Botafogo — Foto: Reprodução

Rogatto confessou ter obtido cerca de R$ 300 milhões neste esquema, que lucra com a queda de equipes, tendo trabalhado em todas as federações de futebol do Brasil e em nove nações. Ele também declarou que a manipulação de jogos só é superada pela política e pelo tráfico de drogas em termos de valores.

-O sistema é muito além disso, os grandes não vão cair nunca. Estamos falando de dentro da CBF, de dentro das federações, tenho provas e vídeos. Isso não vai dar em nada, vai fazer vítimas do sistema e, no final, não vai acabar porque não é de agora. Isso existe há mais de 40 anos, eu fiz parte do sistema. Se eu tiver que pagar, vou voltar para o Brasil e pagar. Eu sou só apenas uma ferramenta, o mundo do futebol é muito mais do que a gente pensa. Não vai dar em nada, a gente vai passar por isso, nunca vai acabar, a maior máfia está dentro da federação.

-(Sou) Réu confesso, totalmente. Comecei a trazer jogadores de nome, mostrando para ela (Dayana Nunes, presidente do Santa Maria) que eu iria fazer um excelente campeonato. Daqui a pouco, eu falei que os jogadores meus de nome não tinham condições de ir, mas que ia dar tudo certo. E, infelizmente, eu vim a rebaixar o Santa Maria. Desculpa, mais uma vez, peço perdão para as pessoas, explicou.

William é alvo da Operação Fim de Jogo, conduzida pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), e também na Operação Jogada Ensaiada. Na semana que vem, a comissão deve viajar para Portugal, país de residência do empresário.