O relacionamento entre Corinthians e Flamengo, que começou de forma cordial neste ano, sofreu uma série de abalos e agora vive um clima de desgaste. O cenário, que envolvia boas conversas e uma proximidade entre as diretorias, logo foi ofuscado por uma sequência de desentendimentos envolvendo negociações de jogadores e disputas institucionais, especialmente com a aproximação da semifinal da Copa do Brasil entre os dois clubes.
O primeiro grande atrito entre os gigantes do futebol brasileiro ocorreu durante a “novela Gabigol”. O presidente do Corinthians, Augusto Melo, afirmou publicamente que havia aberto negociações com o Flamengo para trazer o atacante ao Parque São Jorge. A postura incomodou profundamente a diretoria rubro-negra, que desmentiu a informação, afirmando que não havia qualquer tratativa com o jogador ou o clube. Esse episódio esfriou a relação entre os dirigentes e transformou o tom das conversas em algo estritamente profissional, sem espaço para boas vontades ou flexibilizações.
Logo em seguida, outro problema se desenrolou com a negociação envolvendo Matheuzinho, lateral-direito do Flamengo. O jogador chegou a participar de treinos no Corinthians, após um acerto verbal entre as partes. No entanto, o Flamengo alegou que apenas havia autorizado exames médicos, não o início das atividades, e logo surgiram divergências sobre cláusulas e valores do contrato. A indefinição culminou com o retorno de Matheuzinho ao Rio de Janeiro, evidenciando o desgaste na comunicação entre os dois clubes. O Flamengo, mais tarde, apresentou uma nova proposta para uma negociação definitiva do lateral, mas o estrago já estava feito.
No âmbito institucional, o STJD também virou palco de atrito entre os clubes. O Corinthians buscou alterar as datas das semifinais da Copa do Brasil, o que foi visto com desdém pelos dirigentes do Flamengo. No tribunal, o pedido corintiano foi negado, e o clima entre as diretorias, já desgastado, ficou ainda mais tenso.
Para o Flamengo, o grande entrave nas negociações com o Corinthians tem origem na situação financeira difícil enfrentada pelo clube paulista. A cúpula rubro-negra acredita que o Corinthians não tem recursos suficientes para avançar nas negociações de compra de jogadores, o que estaria travando os acordos, como no caso de Matheuzinho. O Corinthians, por outro lado, vê a situação de outra forma: os dirigentes acreditam que o Flamengo está dificultando os processos de forma intencional, apenas para tumultuar o ambiente, o que eles chamam de “birra” entre as partes.
Outro ponto de discórdia gira em torno da empresa Brax, que garantiu um financiamento de mais de R$ 300 milhões ao Corinthians. O Flamengo, no entanto, vê o vínculo com desconfiança, especialmente porque a compra de Matheuzinho está atrelada a essa empresa. Em caso de atraso nos pagamentos, o clube carioca teme que o recebimento dos valores ocorra muito depois do previsto.
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