O europeu continua sem entender como é a vida no Brasil, carregando uma ideia deturpada, estereotipada, elitista e higienista dos brasileiros. O jornal Marca, da Espanha, é um grande exemplo disso. Nesta sexta-feira (1/11), publicou uma reportagem em que retrata a vida humilde de Adriano Imperador, na comunidade onde vive, como a ‘enésima queda ao inferno’.
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Adriano Leite Ribeiro, o Adriano Imperador, foi o maior atacante que o Brasil produziu neste século. Herdeiro lógico do protagonismo na Seleção Brasileira na passagem de bastão com Ronaldo Fenômeno, ele encantou tanto os brasileiros quanto os europeus.
Foi atuando na Itália, sob as cores da Inter de Milão, que Adriano recebeu a alcunha do imperador de Roma. Em uma partida contra o Empoli, pelo Calcio, ele conduziu a Inter à vitória com dois gols. O último, com a assinatura mais marcante dele. Ele arrancou com a posse da bola e foi vencendo os marcadores com força e técnica, chegou cara a cara com o goleiro e o driblou para anotar o terceiro gol da nerazzurra, na partida que terminou 3 a 2 para o time de Milão.
Atuando com a equipe de Giuseppe Meazza, ele marcou 79 gols em 181 partidas, conquistou quatro títulos da Serie A e mais duas Copas da Itália, além de três Supercopas da Itália.
O Imperador marcou uma geração que ainda se interessava pelos jogos da Seleção Canarinho. Na Copa América de 2004, fez o gol salvador do empate que levou o Brasil para a disputa dos pênaltis, na final contra a arquirrival Argentina. Nos acréscimos do jogo, em uma bola alçada na área, ele dominou, girou o corpo e acertou um petardo de esquerda, fuzilando o goleiro. Graças a esse gol, a Seleção pode vencer a competição nas penalidades máximas.
Na Bota, ele viveu o auge do Campeonato Italiano e o auge da própria carreira, despertando olhares atentos nos estádios em que jogava. Mas com a morte do pai, ele entrou em um quadro depressivo e decidiu vir ao Brasil cuidar da saúde mental. Foi campeão brasileiro com o Flamengo em 2009 e com o Corinthians em 2011. Em 2016, se aposentou.
Adriano decidiu voltar para a comunidade onde foi criado, a Vila Cruzeiro, e desde então é clicado nos portais ou aparece nas redes sociais vivendo uma vida comum, longe dos luxos e holofotes de outrora. Ele costumeiramente aparece sorrindo, descalço e sem camisa, brincando com os amigos.
No entanto, a escolha dele voltar às origens não causa boa impressão para os europeus do Marca. O periódico espanhol publicou uma reportagem em que descreve a vida do ex-jogador como “a enésima queda ao inferno”. Segundo a publicação, a imagem dele “bebendo álcool em uma favela” preocupa “milhões de aficionados que vibraram com o brasileiro há algumas décadas”.
O texto escrito pelo jornalista Javier Esterpa condiz com a visão estereotipada que os europeus têm do Brasil. Onde marginalizam a vida pacata de um homem comum que só quer estar ao lado dos amigos e familiares, por puro elitismo e higienização.