A declaração de Seabra direcionada a diretoria do Cruzeiro

Fernando Seabra durante jogo do Cruzeiro no Mineirão (Foto: Reprodução/Cruzeiro)

Pouco mais de dois meses após deixar o Cruzeiro, Fernando Seabra se pronunciou sobre a demissão em entrevista ao podcast ‘Zona Mista do Hernan’, do ‘UOL’. O técnico revelou ter sido surpreendido pela decisão da diretoria, liderada pelo dono da SAF, Pedro Lourenço, e pelo CEO de futebol, Alexandre Mattos. A saída ocorreu em 23 de setembro, um dia após o empate sem gols contra o Cuiabá, pela 27ª rodada do Brasileirão.

Seabra, na ocasião, optou por escalar um time reserva contra o Dourado, já que três dias depois teria o duelo de volta das quartas da Sul-Americana contra o Libertad. “Eu entendo que fizemos um jogo muito bom contra o Libertad, foi uma das melhores partidas do time. Contra o Cuiabá, não foi um desempenho de encher os olhos, mas a equipe competiu e mostrou sinais de reação. Por isso, a demissão naquele momento me pegou de surpresa”, declarou.

Mesmo com a frustração, o técnico evitou críticas à diretoria e agradeceu pelo suporte recebido. “Eles tomaram decisões difíceis. Podem ter acertado ou errado, mas me deram respaldo em vários momentos em que os resultados não vieram. Todas as equipes que disputam copas sofrem com a falta de tempo para treinar e a sobrecarga de jogos”, disse Seabra, mencionando casos semelhantes em clubes como Corinthians, Athletico-PR e Vasco.

O treinador também relembrou os desafios do calendário. “No futebol brasileiro não se treina. É jogo após jogo. Muitas vezes, o atleta só descansa. Isso afeta diretamente o rendimento. Foi o que aconteceu no Cruzeiro e em outros times”. Mesmo com esses obstáculos, Seabra teve 56% de aproveitamento no comando da equipe em 2024, com 17 vitórias, oito empates e 10 derrotas.

Contratado no início do ano, o técnico assumiu a equipe após a demissão de Nicolás Larcamón. Sob sua liderança, o Cruzeiro chegou a ocupar a quarta posição no primeiro turno do Brasileirão e avançou até a final da Sul-Americana. No entanto, a queda de desempenho na Série A pesou na decisão da diretoria de trocá-lo por Fernando Diniz.

Embora lamente a saída, Seabra destacou que o trabalho no Cruzeiro valorizou sua carreira. “Sou grato ao clube e aos dirigentes. O tempo dirá se a decisão foi certa, mas saio mais preparado e requisitado no mercado”, concluiu o treinador.