A sede social do Corinthians, localizada no Parque São Jorge, foi palco de manifestações na madrugada desta terça-feira (26). O movimento ocorreu em meio à crise política que envolve o presidente do clube, Augusto Melo, e o iminente processo de impeachment que será votado pelo Conselho Deliberativo na próxima quinta-feira (28). A situação tem gerado intensos debates entre os torcedores e lideranças internas do clube.
Os muros do local amanheceram com mensagens de protesto contra a possibilidade de destituição de Melo. Frases como “Não vai ter golpe” foram pintadas, e alguns dirigentes, como Romeu Tuma Jr., presidente do Conselho Deliberativo, e Andrés Sanchez, ex-presidente do clube, foram diretamente citados com críticas. As pichações refletem a insatisfação de uma parcela de torcedores com o andamento do processo.
Contexto do impeachment
O processo teve início após o Conselho de Orientação do Corinthians (CORI) aprovar, por unanimidade, uma recomendação pelo afastamento de Augusto Melo. O órgão, que reúne ex-presidentes e conselheiros eleitos, acusa o presidente de má gestão, alegando a ausência de transparência em balanços financeiros e na parceria firmada com a ex-patrocinadora “Vai de Bet”.
Caso o Conselho Deliberativo aprove a recomendação, Melo será afastado de suas funções imediatamente. O vice-presidente, Osmar Stábile, assumirá o comando interinamente. A decisão será posteriormente submetida a uma assembleia-geral dos sócios, que terá a palavra final sobre a permanência ou não do dirigente.
Reações e impactos internos
A tensão é evidente nos bastidores. Dirigentes atuais, segundo fontes internas, já indicaram que renunciarão aos seus cargos se o impeachment for concretizado. Além disso, Augusto Melo perdeu parte de seu apoio político dentro do CORI e do Conselho Deliberativo, mesmo tendo conquistado a maioria em sua eleição no início do ano.
Enquanto isso, ex-presidentes como Andrés Sanchez e Duilio Monteiro Alves têm evitado participar das reuniões que tratam do futuro de Melo. A ausência dessas lideranças, somada às manifestações nos muros do Parque São Jorge, demonstra a divisão entre os diferentes grupos que disputam influência na política do clube.
A votação do impeachment será decisiva para o futuro da gestão no Corinthians. O Conselho Deliberativo, composto por 302 membros, precisará de uma maioria simples para afastar o presidente. Caso isso ocorra, o prazo para convocar a assembleia-geral será de cinco dias.