Em uma entrevista ao “Charla Podcast”, Alexandre Mattos, ex-diretor de futebol do Vasco, falou sobre os desafios e dificuldades enfrentados durante sua breve passagem pelo clube carioca.
O dirigente, que hoje está no Cruzeiro, fez revelações impactantes sobre sua experiência no Cruz-Maltino, onde permaneceu por apenas 101 dias.
A curta e conturbada passagem pelo Vasco
Alexandre Mattos começou sua fala destacando que não conseguiu trabalhar da maneira que esperava. “O que aconteceu no Vasco, eu fiquei lá 3 meses, eu não consegui trabalhar, não da maneira que eu fui comunicado que seria, porque senão eu não teria nem ido”, disse o ex-diretor.
Ele explica que, embora tivesse uma visão diferente de muitos processos dentro do clube, não teve autonomia para implementar suas ideias. “Muitas das coisas que foram feitas lá, não tinham uma aprovação minha”, completou. Isso porque, segundo Mattos, a palavra final estava com os gestores, e ele teve que aceitar decisões que não concordava.
Essa falta de liberdade e de poder de decisão foi um dos principais motivos para sua saída precoce. “Eu confrontava, por isso que a relação durou pouco e eu sou o cara de longos projetos”, afirmou, destacando que, devido às diferenças, sua permanência no clube foi muito curta.
As dificuldades de gestão e a relação com a 777 Partners
Além disso, Mattos falou sobre os problemas que enfrentou com a gestão da 777 Partners, empresa controladora do Vasco, e com o relacionamento com os sócios. Ele revelou que, quando chegou ao clube, a expectativa era de que sua experiência no mercado sul-americano fosse útil, mas logo se deparou com uma realidade bem diferente.
“A totalidade da 777 ficava na Europa, mas o futebol brasileiro tem uma particularidade”, explicou. Para ele, a gestão da 777 estava distante da realidade vascaína, o que dificultava o trabalho.
Mattos também mencionou as limitações que encontrou no clube em termos de liberdade para tomar decisões. Ele relatou que, apesar de sua boa relação com o então presidente Pedrinho, havia resistência por parte dos gestores internacionais em permitir a aproximação entre ele e a diretoria local. “Eu falava para trazer ele e falavam que não podiam. Eu tinha que obedecer”, afirmou.
Reflexões sobre a experiência e os reforços
Durante sua curta passagem, Alexandre Mattos também foi responsável por movimentar R$ 120 milhões em contratações, trazendo 9 reforços para o time, incluindo jogadores como o goleiro Keiller, os zagueiros João Victor e Rojas, e os atacantes Adson, David e Clayton Silva.
No entanto, Mattos deixou claro que, mesmo com os investimentos, o clube não estava preparado para a pressão de resultados imediatos. “Eu fui com uma expectativa muito grande, mas atado, não tinha caneta”, concluiu, refletindo sobre os obstáculos que encontrou no clube.