A declaração de Javier Milei, presidente da Argentina, sobre o Botafogo

Textor durante coletiva de imprensa do Botafogo (Foto: Vítor Silva/Botafogo FR)

Título do Botafogo na Libertadores reforça debate sobre SAFs na Argentina

O título do Botafogo na Copa Libertadores, conquistado no Estádio Monumental de Núñez, trouxe à tona o debate sobre a adoção de sociedades anônimas no futebol argentino. Javier Milei, presidente da Argentina, utilizou o caso do clube brasileiro como exemplo em defesa das chamadas SADs (Sociedades Anônimas Desportivas).

“Há três anos, o Botafogo estava na Série B. Um investidor americano adquiriu 90% do clube e investiu US$ 70 milhões. Hoje, são campeões da Libertadores. Nada mais desanimador do que assistir à final entre dois clubes brasileiros na TV e, ainda, em nosso país. Péssimo dia para ser anti-SAD”, afirmou Javier Lanari, subsecretário de imprensa do governo Milei.

A final entre Botafogo e Atlético-MG foi a primeira da história da Libertadores disputada entre clubes geridos como SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol). O Botafogo adotou o modelo em 2021, enquanto o Atlético-MG seguiu o mesmo caminho em 2023. Ambos eliminaram clubes argentinos durante o torneio, como River Plate e Talleres.

Na Argentina, o modelo de SADs é proibido. A Associação do Futebol Argentino (AFA) se posiciona contrária às sociedades anônimas e desfilia clubes que optarem pelo sistema. Claudio “Chiqui” Tapia, presidente da AFA, lidera a oposição à proposta, enquanto Milei tenta promover mudanças legislativas para permitir a entrada de capital externo nos clubes.

O modelo atual dos clubes argentinos conta com forte participação de sócios. O River Plate, por exemplo, possui mais de 350 mil associados, o que é um dos maiores números do mundo. Essa relação mais próxima entre torcedores e clubes é um dos motivos que levam muitos argentinos a rejeitarem as SAFs.

Em dezembro de 2023, Milei publicou um decreto propondo mudanças na legislação para permitir a adoção de SADs, mas a AFA se posicionou contra. A situação gerou tensão entre governo e federação, e a FIFA acompanha o caso, uma vez que interferências governamentais podem levar a punições, incluindo sanções à seleção argentina.