Somente Emily Lima havia conquistado antes de Camilla
A conquista recente do Palmeiras no Paulistão Feminino foi marcada por um fato ainda pouco comum: a treinadora palmeirense Camilla Orlando foi somente a segunda técnica mulher a conquistar o Paulistão, considerado o estadual feminino mais importante do país. Antes dela, apenas Emily Lima havia realizado o feito em duas oportunidades: primeiro com o São José, em 2015, depois à frente do Santos, em 2018.
Emily Lima comanda hoje a Seleção Feminina do Peru e é um nome histórico na modalidade por ter sido a primeira treinadora mulher da Seleção Brasileira, entre 2016 e 2017, em uma época com ainda menos treinadoras do que atualmente. A treinadora afirmou ter acompanhado a decisão e parabenizou a conquista da colega palmeirense, além de deixar um conselho para as demais mulheres que pensam em seguir carreira como treinadoras de futebol:
“Eu deixei minha mensagem a ela logo após o título, no privado, nós nos conhecemos e conversamos algumas vezes referente a algumas atletas. E a mensagem que eu deixo para as demais treinadoras é seguir trabalhando porque nós estamos conquistando nosso espaço pelo nosso próprio esforço. Não é porque nós somos amigas do fulano ou do ciclano, como acontece muitas vezes, nós estamos ganhando nosso espaço com muito conhecimento, competência e resultados”, comentou Emily Lima.
O crescente investimento na modalidade nos últimos anos vai trazendo retornos e cada vez mais profissionais dedicados ao futebol feminino. Neste contexto, também é comum ver cada vez mais treinadoras, atletas e ex-atletas buscando qualificação para atuar em outras áreas do esporte, fato também comentado por Emily Lima, que mais uma vez frisou a importância de buscar qualificação para competir em um mercado com ainda maioria masculina:
“Eu acho interessante que elas venham buscando estudar. Não tem só treinadoras, tem muita ex-atleta estudando para nutricionista, fisioterapeuta… Eu acho interessante elas estudarem durante o período de atleta, não depois quando a carreira já acabou e aí vai correr atrás de alguma coisa. Eu sempre falo que o futebol um dia acaba e a gente tem que estar direcionada”.
“As vidas de quase todos os atletas são muito parecidas, de ter vivido ou estar vivendo o futebol desde muito cedo, então nós não tivemos oportunidade de fazer outra coisa a não ser futebol em nossa vida. Por isso, o estudo tem que estar caminhando junto para que no futuro as coisas aconteçam naturalmente, como vem acontecendo já, hoje bastante atletas estão fazendo a licença e ex-atletas já exercendo a função após carreira de jogadoras”, completou Emily.
Nesta semana, Emily finalizou a última data FIFA do ano com a seleção feminina do Peru. A brasileira também exerce desde fevereiro a função de Coordenadora Metodológica das Seleções Femininas de Base, um trabalho de desenvolvimento da modalidade em um país com ainda pouca cultura no futebol feminino.