Em entrevista ao site “ge”, Luis Zubeldía falou sobre a transição dos jogadores da base para o profissional. Ele pontuou que o trabalho precisa ter um cuidado extra com a saúde mental deles e, acima de tudo, conseguir blindá-los do assédio dos torcedores. Para ele, com as redes sociais, todos estão mais expostos às críticas e isso pode ser extremamente prejudicial.
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Preocupado com o desenvolvimento dos atletas, o argentino usou William Gomes, de 18 anos, para exemplificar a dificuldade que é lançar um jovem ao profissional. Entre os desafios estão os olhares do torcedor, que podem tecer graves críticas, e também o deslumbramento com a fama.
“Hoje, o William Gomes, com apenas um punhado de partidas, as pessoas pedem: ‘William, William, William…’. Mas não o viram jogar, não sabem se bate melhor com a esquerda ou a direita. E já é ultra conhecido no mundo São Paulo. O que vai acontecer quando o William for mal em cinco, quatro partidas? Qual vai ser a conduta dos nossos torcedores? O que vai acontecer quando o William ou qualquer outro jovem tiver que conviver com jogar, não jogar? A fama supera a realidade. Lucas tem fama, Calleri tem fama. São jogadores que já fizeram muito. Mas sobre um menino, é um problema”, iniciou.
Zubeldía também criticou o uso das redes sociais na exposição de jogadores. Ele entende que os jovens podem sucumbir à pressão imposta e afirmou que gostaria até mesmo de uma regulamentação da tecnologia, para ter e dar mais tranquilidade no processo.
“Temos de dimensionar o que se sucede. As redes sociais fazem com que isso se dimensione mais. Se eu tivesse um encontro com Deus e ele me perguntasse: ‘Luis, o que você quer?’. Meu sonho é que se possa regular as redes sociais. Que pudesse regular as redes sociais, tirem um pouco a tecnologia para poder fazer isso de maneira mais tranquila, sem deixar tão exposto a tantas situações. É muito difícil hoje em dia lutar contra os interesses externos. Por isso eu digo, termina afetando a todos. Quanto mais jovem, menos preparado está para assumir essa situação”, continuou.
Por fim, ele criticou também que geralmente os torcedores são influenciados por uma minoria disposta a ganhar lastro e notoriedade ao fazer críticas.
“Hoje, qualquer um diz que Zubeldía é um desastre, um burro, aí sai na plataforma, quiçá cinco pessoas pensam isso e 20 mil não. Mas essas cinco são a verdade e têm a influência, porque o ruim é mais legal. Antes não acontecia isso, porque para chamar de ruim tinha que ir na rádio ou pôr uma pontuação num jornal: ‘Fulano jogou cinco pontos, Léo jogou seis pontos’. Hoje, se coloca a foto de um jogador: ‘É um desastre, é um burro’”, finalizou.