“Luta sozinho contra o racismo”, diz Anderson
No último fim de semana, o Real Madrid venceu o Valencia por 2 a1 no estádio Mestalla. O atacante Vini Jr acabou se envolvendo em mais uma polêmica e foi expulso da partida após empurrar o goleiro adversário Dimitrievski.
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Vini Jr não concordou e ficou indignado, precisando ser contido por seus companheiros que o tiraram rapidamente de campo. Durante o jogo, Vini foi alvo de provocações intensas por parte da torcida do Valencia. É impossível não lembrar do episódio de racismo enfrentado pelo atacante brasileiro no mesmo estádio e com a mesma torcida, em maio de 2023. Na ocasião a partida chegou a ser interrompida.
A violência direcionada ao camisa 7 do Real Madrid em Valência foi o ponto de partida para que as denúncias de racismo enfrentadas por Vini Jr na Espanha ganhassem ainda mais visibilidade. O tema chegou até a ser comentado por ex-jogadores da seleção brasileira.
Um deles foi o ex-atacante Sonny Anderson, conhecido por suas passagens por Mônaco, Barcelona e Olympique de Lyon entre o final dos anos 1990 e o início dos anos 2000. Anderson também representou o Brasil na Copa das Confederações de 2001. Sonny marcou presença em um evento de ex-atletas da seleção brasileira em Camarões e deu entrevista exclusiva ao portal “Afrik Foot”.
“Acho que o Vinicius luta sozinho demais na questão do racismo. As autoridades estão atrasadas. Porque há motivos para preocupação com a evolução da situação, apesar de estarmos em 2025. Antes, eram principalmente os africanos as vítimas do racismo. O brasileiro não era necessariamente considerado um jogador negro, mas sim um “brasileiro”. Acabou agora. Na verdade, somos jogadores negros. As nossas origens estão aqui, em África. E é hora de abordar o racismo com sanções duras”, desabafou o ex-atleta.
Sonny Anderson revelou que se inspirou em uma atitude de Vini. Durante uma campanha com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), o atacante descobriu em novembro de 2024, que seus ancestrais mais distantes pertencem à tribo Tikar, de Camarões.
A descoberta foi feita por meio de um teste de DNA realizado pela African Ancestry, e isso despertou a curiosidade de Sonny Anderson, que também passou a se interessar em conhecer mais sobre suas próprias raízes. O ex-jogador ainda revelou que irá realizar o teste quando voltar para a França.
“Quero fazer (o teste de DNA) quando voltar à França, onde moro. Acho que sou dos Camarões. Quando vi todos esses rostos aqui (em Camarões), pensei ter visto meu falecido pai. No entanto, ele nunca nos disse de onde veio. Mas sabemos que a escravidão no Brasil começou aqui. O primeiro escravo a chegar a Salvador por volta de 1800 foi um camaronês! Vou perguntar para minha mãe quando voltar”, finalizou Sonny Anderson.
