Em uma entrevista reveladora ao Abre Aspas, Emerson Leão fez uma análise profunda de sua passagem como técnico do Corinthians, abordando não só os bastidores de sua gestão, mas também sua relação com estrelas como Tévez e Mascherano. Em um bate-papo de mais de uma hora, Leão abriu o coração e explicou por que a experiência foi marcante, apesar das dificuldades enfrentadas.
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Os bastidores da recuperação do Corinthians
Leão não hesitou em destacar como o Corinthians vivia uma fase complicada antes de sua chegada. “O Corinthians estava mal pra caramba. E eu fui convidado para ser treinador do Corinthians”, afirmou. Porém, o desafio foi muito além do esperado.
Após uma entrevista, Leão foi alertado sobre a necessidade de conquistar 80% dos jogos para evitar o rebaixamento. “Falei, então nós temos que ganhar”, completou. E foi isso que aconteceu. O ex-treinador focou em uma mudança de mentalidade, com a inclusão dos jovens jogadores e uma estrutura rígida. Com isso, conseguiu reverter a situação e garantir a permanência do time na elite do futebol brasileiro.
Tévez e Mascherano: estrelas difíceis de lidar
Quando questionado sobre sua convivência com as estrelas do time, Leão foi direto: “Lidar com estrela é difícil porque tem um perigo muito grande”. Em relação a Tévez, o técnico reconheceu o talento do atacante, mas destacou os problemas fora de campo.
“Ele era goleador, cara. Só que ele era irreverente e não era atleta. Então é difícil, não comigo. Nunca tive crise nenhuma com ele. Nunca. Com nenhum”. Leão também explicou um episódio polêmico envolvendo Tévez e Mascherano, que foram convocados para amistosos da seleção argentina. “Eu não vou te dispensar. Não é jogo oficial da Fifa. É amistoso, barato”, disse Leão, explicando sua postura rígida diante dos pedidos dos jogadores.
A relação com o presidente e a decisão final
Vale destacar a situação tensa entre Leão e a direção do clube. Quando Tévez tentou burlar a decisão do técnico, Leão não hesitou. “Agora, aquele senhor lá é o presidente. Dono do time. Se ele quiser passar por cima de mim, ele tem autoridade pra isso: “ah, é?”. Eu falei: “é”. Aí ele perguntou pro presidente. Não, o treinador falou que não, não. Aí ele respondeu pro presidente: “então, hoje é o último jogo que eu vou fazer’”. Mesmo diante da rebeldia, Leão manteve sua posição, colocando o Corinthians acima de qualquer interesse pessoal ou de seleções.
A postura firme de Leão foi crucial para a recuperação do Corinthians naquele período. Além disso, sua visão de futebol e liderança continua sendo discutida até hoje, especialmente quando se trata de lidar com jogadores de grande ego e talento, como Tévez e Mascherano. Com isso, Leão deixou claro que a sua principal preocupação sempre foi o bem do time, algo que, muitas vezes, exigiu decisões difíceis, mas necessárias para o sucesso coletivo.