Antes mesmo de ser oficializado como diretor de futebol do Flamengo, em sua primeira passagem pelo Brasil, José Boto já tinha decisões cruciais a tomar. Nome de confiança do presidente Luiz Eduardo Baptista, o português recebeu carta branca para definir sobre o comando técnico da nova gestão do clube: poderia manter o ‘calouro’ Filipe Luís ou buscar por veterano no mercado.
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José Boto parte de uma cultura de trabalhos longevos, portanto a permanência ou não de um técnico não era algo simples. Nesta terça-feira, 18, o diretor abriu parte dos questionamentos que fez durante o processo de decisão e as razões que consumou a permanência de Filipe Luís.
“Ainda bem que me dá oportunidade de falar sobre isso. Quando falei antes, fui mal interpretado. Volto a dizer: quando comecei a falar com o Bap, uma das questões que coloquei é que não faz o menor sentido ser o diretor e trabalhar com um treinador que não confio. Para mim, é meio caminho andado para o insucesso. Pus como condição ter uma voz bem ativa na escolha do treinador. Depois, como é óbvio, eu segui o Flamengo de forma atenta, estudando o elenco e o que o treinador daria. Para a realidade do Brasil, percebi que ele era muito diferenciado”, e prosseguiu:
“Ouvia com muita atenção as coletivas que ele fazia, o que indica muito sobre o conhecimento técnico e tático. E quando chegou o momento de tomar a decisão, achei por bem ficar com ele, por feeling e um estudo que tinha. O Filipe tem todas as características de um treinador de alto nível. A primeira delas é ter a noção que tudo que foi como jogador de futebol tem pouco para a profissão que tem agora. Quando tem isso bem claro, é meio caminho andado para se tornar melhor técnico, porque te obriga a estudar, a ser inquieto. E ele é exatamente assim, alguém com sede de conhecimento enorme”.
Mudar a cara do brasileiro
Se a capacidade de Filipe Luís esteve minimamente em pauta em algum momento, hoje trata-se de uma convicção. Não à toa, José Boto faz apostas ousadas para o futuro do ex-lateral como técnico de futebol.
“Por isso, na minha opinião, ele vai ser o treinador que vai mudar a cara do brasileiro na Europa. Isso não quer dizer que não existam outros treinadores brasileiros com muito conhecimento. Ele vai virar essa imagem que na Europa se tem do treinador brasileiro. Já disse a ele um pouco como brincadeira, mas é algo que acredito mesmo. Ele vai acabar com a hegemonia dos treinadores portugueses no Brasil”, acrescentou.
Primeiro contato com Filipe Luís
A introdução das ideias da dupla ocorreu à distância, por telefone. Boto estava na Europa, enquanto Filipe Luís curtia o período de férias após o fim da primeira temporada como técnico do Flamengo. O português fez questão de revelar a postura do treinador ao saber de sua chegada ao Rio de Janeiro.
“A primeira vez que falei com o Filipe foi por telefone. Eu gosto de opinar. Alguns treinadores não levam isso bem, mas ele disse ‘não quero que me digam sim em tudo’. Temos uma discussão saudável desde o elenco até questões táticas do jogo. Discutimos e isso faz ambos crescerem. Foi sempre a relação que eu tive com os treinadores do Shakhtar, Paulo Fonseca, Luis Castro, e Roberto de Zerbi. Com todos eles, tive essa abertura de opinar, de chamar atenção para isso ou aquilo e também ouvir explicação. Temos uma relação excelente a nível profissional”, concluiu.
Filipe Luís e José Boto podem levantar o segundo troféu da parceria neste sábado, 22. Isso porque o Flamengo encara o Maricá pela rodada que vale o título da Taça Guanabara 2025, a partir das 16h30, no Maracanã. O Rubro-Negro lidera o torneio com 20 pontos, à frente do Volta Redonda pelo critério de desempate, e depende apenas de si para vencer o turno do Campeonato Carioca.