A polêmica envolvendo o uso de gramados sintéticos no futebol brasileiro ganhou destaque após manifestações de atletas e posicionamentos técnicos. Abel Ferreira, treinador do Palmeiras, entrou no debate ao comentar a situação logo após a vitória contra o Botafogo-SP pelo Paulistão.
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O português reconheceu a validade das queixas dos jogadores, mas destacou desafios estruturais relacionados ao uso de gramados naturais em um calendário tão apertado. Para ele, a alta densidade de partidas torna inviável manter um campo natural em boas condições, especialmente em estádios como o Maracanã, onde clubes como Flamengo e Fluminense alternam suas partidas.
Abel Ferreira diz sobre polêmica envolvendo o gramado sintético
Além disso, o técnico refutou a ideia de que o gramado sintético seja diretamente responsável pelo aumento no número de lesões. Embora admita problemas nas articulações dos jogadores, ele argumentou que essas questões não estão necessariamente ligadas ao material do campo.
“O problema das lesões não é o gramado sintético. O que acontece, e eu falo por experiência própria, o que acontece é mais em termos de articulação. Mas o campo é uniforme, não tem buracos. Ninguém vai me levar a mal se eu falar que quando vamos ao Castelão eu peço para os jogadores não torcerem os pés. Aqui a questão não é sintético ou não, é competência, qualidade e rigor”, disparou.
Abel também fez questão de diferenciar o gramado do Allianz Parque, que classificou como uniforme e livre de buracos, de outros estádios brasileiros. Ao mencionar locais como o Castelão, ressaltou que a preocupação maior deve ser com a qualidade geral do campo, independentemente de ser sintético ou natural.
Ao abordar o estado dos gramados nacionais, Abel Ferreira citou exemplos concretos para ilustrar sua crítica. Ele lembrou que, em suas passagens pelo Maracanã, nunca encontrou um campo em condições satisfatórias, exceto na final da Libertadores de 2020, quando a Conmebol interditou o estádio por um mês para prepará-lo adequadamente.
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Quais soluções poderiam melhorar os gramados brasileiros?
O treinador ainda comparou as práticas europeias às brasileiras, sugerindo que uma fiscalização mais rigorosa poderia melhorar significativamente a qualidade dos campos. Segundo ele, se a Uefa realizasse inspeções nos gramados brasileiros, poucos estariam aptos a receber competições internacionais.
Abel Ferreira defendeu a adoção de medidas semelhantes às aplicadas pela Fifa e pela Uefa, incluindo reuniões prévias com diretores responsáveis e punições para estádios mal conservados. Para ele, o problema central não está apenas no tipo de grama utilizada, mas sim na falta de regulamentação e comprometimento com a qualidade.
“Se viesse aqui a Uefa, e fazer o que faz a Fifa para com o sintético, aqui no Brasil, passa um. Quando falamos do gramado na Europa eles investem. Investem regularmente e há fiscalização, há reuniões antes com diretores, que vão fiscalizar. E quando ele não está em boa qualidade, os clubes são multados”, comentou.