Abel Braga é, sem dúvida, uma das maiores referências na história do Internacional, e suas passagens pelo clube deixam um legado repleto de momentos marcantes. Entre as glórias e desafios, o treinador compartilhou algumas lembranças de sua carreira, refletindo sobre o impacto que certos episódios tiveram em sua trajetória e no coração dos torcedores.
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O dilema da semifinal de 1989 e o que ficou no ar
Abel relembrou com emoção o dramático jogo contra o Olimpia, que resultou na eliminação do Inter na Copa Libertadores de 1989. “Esse jogo do Olimpia, para mim, este resultado me fez eu me questionar muitas vezes”, afirmou.
Com um empate em 2 a 2 no Beira-Rio e a derrota nos pênaltis, a decisão deixou marcas profundas, principalmente pela sensação de que a conquista da Libertadores era possível. “Se ali nós tivéssemos passado, nós seríamos campeões da Libertadores”, disse o técnico, refletindo sobre a chance perdida.
Vale destacar que, apesar da frustração, a atitude ofensiva de Abel, mesmo com o risco, foi um reflexo de sua filosofia. “Mas, se eu fosse um cara que jogasse em retranca, com medo, eu não teria ido para cima do Grêmio no Gre-Nal do Século”, comentou. Dessa maneira, seu estilo de jogo, muitas vezes arriscado, se tornou um traço marcante de sua personalidade como treinador.
O vice que quase custou seu emprego e a reação que marcou a Libertadores de 2006
Em 2006, Abel novamente viveu um momento de tensão com o Inter, desta vez no Campeonato Gaúcho, quando o time perdeu o título para o Grêmio.
“Eu já sabia e já entendia bem o que era e o que é até hoje o Gre-Nal. Estava controlado. Estávamos ganhando por 1 a 0, final do jogo e uma falta. Meteram a bola lá para cima. É o último momento. (…) Ali saí muito chateado porque estávamos invictos. Eu desço a escada e comento com o Leomir [Souza], entrei na sala chutando tudo e falei: ‘nós estamos fora, não tem história’”, relembrou.
A derrota foi um golpe duro para Abel e o elenco, principalmente por ser contra o maior rival, mas ele não se deixou abalar. “Nós vamos agora dar a vida. Eu sei que tenho um grupo, um ambiente bom, que nós temos um coletivo muito forte”, afirmou o técnico, destacando o poder do grupo e a resiliência necessária para seguir adiante.
Com isso, o Inter se reergueu e, após uma campanha impressionante na Copa Libertadores de 2006, levou o título da competição, conquistando a tão sonhada taça continental. “Foi de forma muito positiva com apenas uma derrota para a LDU, fora, uma campanha espetacular”, completou Abel, que conseguiu virar a chave e levar o time à glória, mesmo diante das adversidades.
A confiança do presidente
Além disso, o treinador compartilhou um diálogo com o presidente Fernando Carvalho, que também teve um papel importante nesse processo. “Ele falou: ‘só tem uma coisa, cara, não pode ser tão faceiro’. Eu falei: ‘é difícil, Fernando. Eu não consigo’”, disse Abel. Essa troca revela a confiança mútua e o entendimento entre treinador e direção, fatores essenciais para o sucesso do Inter em 2006.
Por que, então, Abel Braga continua sendo um nome tão reverenciado no Inter? Isso porque ele não apenas conquistou títulos, mas também soube lidar com momentos de crise e superá-los, sempre com uma postura de liderança firme e inspiradora. Assim, sua trajetória no Internacional é marcada por altos e baixos, mas, sem dúvida, por uma imensa dedicação ao clube e sua torcida.