O treinador António Oliveira compartilhou desafios pessoais e profissionais que enfrentou em sua passagem pelo Corinthians no ano anterior.
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Em uma entrevista ao “Tribuna Expresso”, de Portugal, António descreveu um incidente em que teve uma arma apontada para sua cabeça e falou sobre as dificuldades no Timão, incluindo um dia em que os jogadores se recusaram a se concentrar devido aos salários em atraso.
Conforme relatou António, ele teve a placa de seu carro clonada, o que resultou em uma abordagem policial:
“Lembro-me de apontarem-me uma pistola à cabeça. Eu vinha no meu carro, após o aniversário do filho do preparador de goleiros do Corinthians, olhei pelo espelho e vi um carro da polícia atrás. Mas eu estava tranquilo. Viro à direita e ele continua a seguir-me, e de repente liga as luzes. Pensei que podia ter as luzes desligadas, porque era de noite. Parei o carro para perceber o que se passava. O policial que estava dirigindo saiu logo com a pistola armada, disse-me para sair do carro, meter as mãos atrás das costas, portanto, aqueles procedimentos normais que eles fazem. Sempre com a arma apontada à minha cabeça , contou António.”
“O parceiro do policial saiu e diz-lhe: “Epá, cuidado, ele é o técnico do Corinthians.” O policial com a pistola responde: “Eu sei lá se ele é técnico do Corinthians, eu não percebo nada de futebol.” E continuou, mandou-me abrir as pernas, entretanto, chegaram mais carros de polícia, completou”
No final das contas, a situação foi solucionada, mas ele permaneceu com as pernas tremendo por dois dias.
“Como tinham chegado outros policiais, confirmaram a minha identidade, e já queriam falar mais do Corinthians do que propriamente daquela situação (risos).”
O português expressou seu pesar por liderar o Timão em um período conturbado, tanto dentro quanto fora de campo. Ele recordou que, após sua demissão, chegaram reforços que foram cruciais para evitar o rebaixamento do clube.
Durante a entrevista, António também comentou sobre as dificuldades geradas pelos problemas financeiros enfrentados pelo Corinthians.
“Houve alturas em que os jogadores chegaram a não querer concentrar, porque não recebiam. Tive de sair do treino para ir falar com o presidente, porque ele prometia que pagava no dia seguinte. Eu disse ao presidente: “Se você só pode pagar daqui a um ano, não diga que pode pagar amanhã porque eles não vão receber e vão ficar ainda mais chateados.” E aos jogadores que não queriam concentrar tive de dizer: “Há um direito e um dever. Vocês têm o direito de receber e eles de vos pagar. Vocês têm razão. Agora, se passa lá para fora que vocês não querem concentrar, em vez de virar para eles, vai virar contra vocês. Vamos ser profissionais. Eu estou aqui, do vosso lado, estarei sempre e vou tentar sensibilizar o presidente para resolver os problemas.” O meu dia a dia era um pouco isto.”
Em julho do ano passado, após ser demitido, o treinador português dirigiu o Corinthians em 29 partidas, obtendo 13 vitórias, nove empates e sete derrotas, obtendo um aproveitamento de 55,1% dos pontos.