Lenda do Liverpool revela luta contra depressão

Bandeirinha de escanteio do Liverpool em Anfield (Foto: Divulgação)

Um dos astros da história do Liverpool, Jason McAteer, fez um forte depoimento carregado de coragem e dor ao recordar os lados mais sombrios de sua luta pessoal contra a depressão. Aposentado dos gramados desde 2007, a vida mais pacata lhe trouxe uma falta de “senso de propósito” – reforçado pela tentativa de sucesso na carreira como comentarista esportivo.

“Eu simplesmente não tinha propósito, cara. Não via estrutura. A coisa da TV, quero dizer, eu não trabalhava todos os dias da semana. Como se fosse um ou dois shows semanais. Muito esporádico. Dias e dias sem fazer nada”, iniciou em entrevista ao podcast Tales, Tears and Trophies, da beIN Sports.

“Tudo tinha acabado. Não sinto nem um pouco de falta [da TV]. Sinto falta de tudo sobre jogar. Apenas correr, livre em um campo de futebol. Sem problemas. Nada na vida é um problema para aqueles 90 minutos”, acresceu.

Jason reviveu gatilhos durante o relato, mas deu prosseguimento apesar do nó na garganta. Em um dos momentos mais árduos da entrevista, o ex-jogador revelou pensamentos à flor da pele ligados ao autoextermínio.

“Cheguei ao túnel, aquele entre Wirral e Liverpool. Meu filho, com quem eu mantinha esse relacionamento em circunstâncias difíceis, morava do outro lado deste túnel. E eu estava dirigindo pelo túnel, e isso me perturba porque me leva de volta a esse momento, porque eu posso senti-lo”, e prosseguiu:

“Lembro-me de pensar comigo mesmo: ‘Vou apenas balançar o carro aqui e acabar com isso’. Tão fácil assim. Eu estava lutando comigo mesmo para não fazer isso. Minha cabeça ficava: ‘faça, faça, faça, faça’. E eu dizia: ‘Não’. Eu estava lutando no volante. E eu lembro de sair do túnel pensando: ‘Graças a Deus. Apenas agradeça a Deus’. E eu fui buscar meu garotinho, porque eu sempre o levava para o cinema. Eu o levei para o cinema e dirigi para casa”, completou.

Carreira no Liverpool

McAteer estreou pelos Reds, clube de maior expressão em toda sua carreira, no dia 16 de setembro de 1995 e se despediu em janeiro de 1999 – três dias antes do fim de seu contrato.

Disputou 139 partidas nesses quase quatro anos, contribuindo com seus gols e 18 assistências. Desse total, 100 jogos foram pela liga inglesa, com três tentos e 12 passes para os companheiros.