Os médicos que cuidaram de Diego Armando Maradona em seus últimos dias de vida vão a julgamento a partir da próxima terça-feira, 11 de março, em Buenos Aires. Os profissionais de saúde são réus na acusação de negligência aos tratamentos do maior nome da história do futebol argentino, morto em novembro de 2020.
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Estarão em julgamento a partir da semana que vem o neurocirurgião Leopoldo Luque, a psiquiatra Agustina Cosachov, o psicólogo Carlos Diaz, a coordenadora médica Nancy Forlini, o coordenador de enfermagem Mariano Perroni, o médico Pedro Pablo Di Spagna e, por fim, o enfermeiro Ricardo Almiro.
Os promotores acusam os profissionais de negligenciarem o tratamento domiciliar exigido nas condições do astro, que se recuperava de uma cirurgia na cabeça em decorrência de um acidente doméstico. Diego Armando Maradona passou seus últimos dias em uma casa alugada especificamente para sua recuperação. A acusação alega que o ex-jogador poderia ter sobrevivido caso tivesse recebido o tratamento ideal previsto para seu caso.
A audiência desta terça-feira, 11, acontece no subúrbio de San Isidro, em Buenos Aires. Mais de 100 testemunhas irão depor ao longo do julgamento de quatro meses, entre familiares do astro e membros da equipe médica que o acompanharam. Caso condenados, os réus correm risco de pegar entre oito e 25 anos de prisão.
Os últimos dias de Maradona
O argentino Diego Armando Maradona Franco morreu em Tigre, na zona metropolitana de Buenos Aires, na manhã do dia 25 de novembro, em meio ao processo de recuperação da cirurgia. Aos 60 anos, o ídolo da nação sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.
O astro necessitou de monitoramento integral nos últimos dias de vida devido à cirurgia no cérebro para retirada de um coágulo sanguíneo, em decorrência ao acidente doméstico mencionado acima. A Justiça da Argentina decidiu levar os profissionais a julgamento cinco meses depois, em abril de 2023. Em documento, a Câmara de Apelações e Garantias de San Isidro afirma que o grupo “incorreu em ações e omissões defeituosas, determinantes para o resultado da morte ora imputada”.
Pouco depois de sua morte, conversas do médico Leopoldo Luque vazaram na mídia e causaram revolta entre as pessoas mais íntimas ao astro. Um dos áudios revela a conversa do doutor com outro profissional da saúde, este não identificado, em que o mesmo acusava Maradona de ter consumido droga após a cirurgia.
Veja alguns trechos:
Médico não identificado:
“…Hoje ele se levantou todo dolorido, sem descansar, com ressaca. Ontem à noite fumou, bebeu vinho com os comprimidos.”
“… Já tem o hábito de fumar todos os dias. Pede cigarro aos seguranças. Eu disse aos seguranças: “Quando ele falar isso, dê um charuto para ele”.
Leopoldo Luque:
“…Fique calmo. Eu sei mais ou menos lidar com ele. Eu disse a Maxi (Maxi Pomargo, secretário de Maradona) que, se houver autópsia, pule isso. O que menos vão responsabilizar é a parte de saúde, é uma questão do ambiente.
… Não é responsabilidade médica. Seria se eu desse maconha a ele, ele se intoxicasse e morresse. Aí sim, pois não teria sido bem supervisionado. Mas isso é algo ilegal, não tem nada a ver com médico.”
O representante legal de Diego Maradona, Mario Baudry, se manifestou com indignação após a divulgação do conteúdo: “É como se estivessem se preparando para a morte dele, vendo o que vai e o que não vai sair na autópsia. É muito sério”, disse ao jornal ‘Olé’ à época.