O ex-jogador e empresário Ronaldo Fenômeno fez declarações contundentes sobre a gestão do Cruzeiro antes de sua chegada à Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube. Em entrevista ao Charla Podcast, Ronaldo revelou ter se surpreendido com a quantidade de regalias concedidas a torcidas organizadas e conselheiros. Segundo ele, a distribuição gratuita de 20 mil ingressos por partida e a entrega de 50 camisas para cada conselheiro representavam um grande custo para os cofres do time.
Notícias mais lidas:
De acordo com Ronaldo, essas práticas geravam um impacto financeiro significativo.
“Cada conselheiro tinha 50 camisas que a gente tinha que dar. Começava o ano, e o Cruzeiro devia R$ 2 milhões em camisas para a adidas. São 350 conselheiros, cada um pedindo 50 camisas… mandei cortar presente de conselheiro. No máximo, o que a gente podia tentar, era preço de custo, com o conselheiro pagando”
“Abrindo as gavetas, cada vez saía um absurdo. Jogo do Mineirão já partia de menos 20 mil ingressos que tinham que ir para a Máfia Azul, gratuitamente. Eles vendiam para turma deles lá, a torcida monetizava. Só que chego e já corto. Os caras estavam me adorando. Uma semana depois já estão me odiando”, disse Ronaldo.
As declarações do ex-jogador provocaram uma resposta oficial do Cruzeiro. Em nota assinada pelo presidente da associação, Lidson Potsch, e pelo presidente do conselho deliberativo, Paulo Sifuentes, o clube negou as acusações feitas por Ronaldo. “As determinadas afirmações não correspondem à realidade. A suposta distribuição massiva e recorrente de ingressos e camisas, nos moldes apontados, não encontra respaldo em registros contábeis, documentos internos ou qualquer elemento de prova”, declarou a diretoria.
A divergência entre Ronaldo e a atual gestão do Cruzeiro reflete a tensão que persiste desde a saída do ex-jogador da administração da SAF. Durante sua passagem pelo clube, entre 2022 e 2024, Ronaldo promoveu mudanças estruturais significativas, incluindo a revisão de benefícios concedidos a grupos ligados à instituição. No entanto, as medidas adotadas geraram insatisfação entre alguns setores internos, o que contribuiu para um cenário de atrito.
A relação entre a SAF e a associação do Cruzeiro tem sido marcada por discordâncias desde a saída de Ronaldo. A polêmica sobre os ingressos e camisas é apenas mais um capítulo desse embate, que envolve não apenas questões administrativas, mas também o controle e a gestão do clube após sua reestruturação financeira.
Enquanto isso, a torcida observa o desenrolar dessa disputa, que expõe diferentes visões sobre a condução do Cruzeiro nos últimos anos. A falta de consenso sobre os fatos reforça a complexidade da transição do clube para o modelo SAF e os desafios que ainda precisam ser enfrentados para garantir a estabilidade da equipe dentro e fora de campo.
Veja nota do Cruzeiro
“As determinadas afirmações não correspondem à realidade. A suposta distribuição massiva e recorrente de ingressos e camisas, nos moldes apontados, não encontra respaldo em registros contábeis, documentos internos ou qualquer elemento de prova”.