A saída de Estêvão do Cruzeiro segue sendo um episódio marcado por divergências e versões conflitantes. Atualmente com 17 anos e já negociado com o Chelsea, da Inglaterra, o jovem atacante teve passagem pelas categorias de base do clube mineiro, onde iniciou sua trajetória antes de chegar ao Palmeiras.
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Sérgio Santos Rodrigues, presidente do Cruzeiro à época, revelou os bastidores da transferência. Segundo ele, o entrave para a renovação do vínculo com Estêvão ocorreu quando o empresário do jogador, André Cury, teria exigido uma declaração oficial que atestasse a regularidade do cargo anteriormente ocupado pelo pai do atleta no clube. “Ele queria que eu desse uma declaração dizendo que a situação do pai do Estêvão sempre foi regular. Eu falei que não podia fazer isso”, declarou Sérgio.
Ainda de acordo com o ex-presidente, Ivo Gonçalves, pai de Estêvão, estava ligado à assessoria da presidência na gestão anterior, mas sem função clara. Assim que assumiu, Sérgio afirma ter exonerado os assessores e, posteriormente, realocado o pai do jogador para trabalhar na base. “O pai do Estêvão efetivamente trabalhou com a gente”, afirmou, destacando a preocupação em evitar problemas jurídicos relacionados ao histórico contratual.
O ex-dirigente reforçou que as conversas para renovação com Estêvão caminhavam bem até o pedido da declaração. Após a negativa, houve um rompimento de contato por parte do jogador e sua família. “Ele fez 14 anos, sumiram. Não atenderam mais nossos telefonemas. E depois apareceu no Palmeiras”, relatou Sérgio. Naquele momento, o Cruzeiro ainda enfrentava o agravante de estar sem o certificado de clube formador.
A relação com o Palmeiras também foi abordada. Sérgio relatou uma conversa com João Paulo Sampaio, diretor das categorias de base do clube paulista. “Falei que ele foi mal com a gente, conhecia nossa situação e deixou o Cruzeiro a ver navios”, disse. Segundo Sérgio, não houve qualquer proposta oficial recusada. “Se oferecessem 30%, 20% ou 10%, por que eu recusaria? Isso nunca existiu. Só me pediram para assinar um documento falso, o que eu não aceitei”, completou.
Estêvão, atualmente no Palmeiras, será transferido ao Chelsea em julho, após a disputa do Mundial de Clubes. A negociação rendeu 61,5 milhões de euros, dos quais 70% ficarão com o clube paulista e os outros 30% pertencem ao jogador e sua família. A condução dessa negociação, aliás, intensificou as críticas feitas por Sérgio à atuação de André Cury, que respondeu, em entrevista anterior, que o ex-presidente se preocupava mais com disputas políticas do que com os ativos do clube.
Por fim, o caso de Estêvão expõe não apenas a dificuldade de manter jovens talentos no futebol brasileiro, mas também os efeitos de problemas administrativos e de governança nos bastidores dos clubes.