O técnico Vanderlei Luxemburgo manifestou sua perspectiva sobre a crescente contratação de treinadores estrangeiros no futebol brasileiro nos últimos anos. Embora reconheça a globalização do mercado, ele diferencia a chegada de profissionais qualificados daqueles que, em sua visão, não agregam valor significativo.
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Durante entrevista ao “CNN Esportes S/A”, Luxemburgo esclareceu não ter restrições a estrangeiros por princípio, recordando sua própria experiência internacional na Espanha. “Abertura de mercado é mundial. O técnico vai para onde tiver condições de ir”, iniciou o treinador, contextualizando sua visão.
Contudo, o ponto central da argumentação de Luxemburgo foca na qualificação. Ele percebe que a vinda de certos técnicos estrangeiros, sem um histórico de destaque, impacta negativamente o espaço para profissionais locais.
Essa dinâmica, segundo o treinador, acaba por limitar as oportunidades disponíveis tanto para os jovens talentos da área técnica quanto para os treinadores brasileiros mais experientes que buscam colocação. “Eu acho que tem treinadores que estão aqui, ocupando espaço de treinadores brasileiros jovens ou mais experientes que não são treinadores de ponta”, destacou.
Qualidade reconhecida
Apesar de sua crítica geral, Luxemburgo faz questão de ressaltar exceções importantes nesse cenário. Ele identifica dois profissionais estrangeiros cujo trabalho considera de alto nível, servindo como contraponto à sua preocupação principal.
Nesse sentido, ele aponta especificamente os portugueses Abel Ferreira, atualmente no Palmeiras, e Jorge Jesus, com passagem marcante pelo Flamengo em 2019 e hoje no Al Hilal. “O Abel tem qualidade. Jorge Jesus também é um profissional de qualidade. É diferente ter um profissional de qualidade trabalhando no seu país”, concluiu o experiente técnico.

Crítica à cobertura da mídia
Além de abordar a questão dos técnicos estrangeiros, Vanderlei Luxemburgo também comentou sobre a cobertura da imprensa esportiva brasileira. Assim, ele expressou descontentamento com a forma como parte da mídia retrata os treinadores nacionais.
O técnico argumenta que essa parcela da imprensa frequentemente reforça a ideia de que os profissionais brasileiros estariam tecnicamente ultrapassados em comparação aos estrangeiros. “Parte da imprensa bate nisso de que os técnicos brasileiros estão ultrapassados. Isso me deixa muito revoltado”, afirmou Luxa.
Para refutar essa percepção de defasagem, Luxemburgo utilizou um exemplo histórico relevante. Ele citou o trabalho tático de Mário Jorge Lobo Zagallo à frente da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1970.
Segundo Luxemburgo, as inovações e o estilo de jogo implementados por Zagallo naquela época continuam a ser referências aplicáveis no futebol contemporâneo.
“O maior exemplo de todos os tempos no futebol mundial é o Zagallo na Copa do Mundo de 1970. Como é que estamos ultrapassados se o Zagallo em 1970 jogava como se joga hoje”, finalizou, defendendo a atualidade do conhecimento técnico brasileiro.