O técnico do Real Madrid, Carlo Ancelotti, compareceu ao Tribunal Superior de Justiça de Madrid nesta quarta-feira (02), onde prestou depoimento no processo em que é acusado de fraude fiscal. O Ministério Público espanhol pede uma pena de quatro anos e nove meses de prisão ao treinador italiano, que teria deixado de declarar mais de um milhão de euros entre 2014 e 2015, período em que comandava o clube merengue.
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Durante a audiência, Ancelotti rejeitou a acusação de má-fé. Segundo ele, a estrutura de empresas que utilizou para gerir os ganhos provenientes de direitos de imagem foi indicada pelo próprio clube. “Quando o clube me sugeriu, coloquei o Real Madrid em contato com meu consultor. Não lidei com isso porque nunca fui pago dessa forma”, declarou o treinador. Ele acrescentou: “Nunca percebi que algo não estava certo. Nunca considerei cometer fraude.”
Conforme a denúncia, Ancelotti teria omitido parte de seus rendimentos nas declarações apresentadas à Receita espanhola, mencionando apenas o salário recebido do Real Madrid e desconsiderando lucros com imagem e investimentos imobiliários. Além da pena de prisão, a promotoria exige o pagamento de uma multa que ultrapassa os 3,1 milhões de euros, valor que inclui sobretaxas e juros, somando aproximadamente R$ 19,6 milhões.
Aliás, o treinador de 65 anos ressaltou que não viu irregularidade no modelo proposto, alegando que se tratava de uma prática comum no meio esportivo. “Naquela época, todos os jogadores e treinadores estavam fazendo dessa forma, parecia a coisa certa a fazer”, disse. Ele ainda mencionou o nome de José Mourinho como outro que teria utilizado o mesmo sistema.
O julgamento
Ancelotti chegou ao tribunal acompanhado da esposa, Mariann Barrena, e do filho Davide, que atua como auxiliar técnico no Real Madrid. O julgamento deve se estender por dois dias, mas eventualmente poderá ser encerrado por meio de um acordo extrajudicial — medida já utilizada em casos semelhantes no país.
O episódio se soma a outras investigações envolvendo personalidades do futebol na Espanha, o que reforça a vigilância das autoridades fiscais sobre contratos e estruturas de recebimento por direitos de imagem no setor esportivo.
