José Boto cobra mudança no futebol brasileiro

Diretor José Boto em coletiva (Foto: Paula Reis/Flamengo)

O Flamengo estreou com vitória na Copa Libertadores ao vencer o Deportivo Táchira por 1 a 0, fora de casa, na última quinta-feira (3). O gol da partida foi marcado por Juninho, no segundo tempo, garantindo os primeiros três pontos do clube na fase de grupos da competição continental. Apesar do bom início em campo, o tema que ganhou força nos bastidores rubro-negros foi o Fair Play Financeiro.

Em entrevista à FlaTV, o diretor de futebol do Flamengo, José Boto, abordou o assunto e fez um alerta sobre os riscos da falta de controle nos gastos dos clubes brasileiros. O dirigente defendeu a adoção de um modelo semelhante ao europeu e afirmou que a sustentabilidade do futebol nacional depende de uma regulamentação mais rígida.

“Tem chamado a atenção. Por outro lado, numa visão macro do futebol brasileiro, eu acho que é algo que os clubes têm que cuidar. Isso acontecia na Europa há 20 anos, não pagavam salário, mas a UEFA foi rígida e criou o Fair Play Financeiro. Não só por isso, mas também pelas questões dos donos, têm que ter atenção com as SAFs”, declarou.

O diretor usou como exemplo o Manchester City, que mesmo sendo administrado por um grupo bilionário, está sujeito a limitações impostas pela UEFA. Ele relembrou também a sua experiência no Shakhtar Donetsk, onde atuou em um clube com alto poder de investimento, mas com fiscalização constante.

“Eu acho que isso é algo que tem que fazer no Brasil, os clubes não podem gastar mais do que aquilo que realmente têm. E tem que pagar. Quando eu compro algo eu tenho que pagar”, completou Boto.

Além disso, o dirigente questionou a lentidão nos processos que envolvem inadimplência no futebol brasileiro e defendeu punições mais severas, como acontece na Europa.

“Se não pagar tem que sofrer consequência, como na Europa. Na Europa hoje em dia se o clube não lhe paga você faz uma queixa na UEFA, e eles sofrem um transfer ban. Enquanto não resolverem, não podem comprar jogadores. Faz todo sentido, é a coisa mais normal… Aqui não podemos nos queixar à Fifa diretamente, tem um órgão intermediário da federação a quem temos que apresentar a queixa, mas demora muito tempo”, finalizou.