Enquanto ainda enfrenta o chamado “julgamento do século” — um processo que envolve 115 acusações de violações das regras de Fair Play Financeiro da Premier League — o Manchester City trava, paralelamente, outra batalha judicial com a liga inglesa. Desta vez, o foco é a tentativa do clube em receber compensações milionárias referentes às custas de um processo vencido sobre as regras para Transações entre Partes Associadas (APT).
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Desde junho de 2024, a equipe contesta a validade das diretrizes da APT, que foram criadas para evitar que clubes inflacionem acordos comerciais com empresas vinculadas aos seus donos. O clube considera que essas medidas configuram um tratamento desigual, sobretudo em relação aos proprietários do Golfo Pérsico. O Manchester City é controlado desde 2009 por Sheikh Mansour, integrante da família real de Abu Dhabi e líder do City Football Group.
A Premier League havia reforçado essas normas após a aquisição do Newcastle pelo fundo soberano da Arábia Saudita, em 2021. Na ocasião, 16 dos 20 clubes da primeira divisão votaram a favor do endurecimento das regras, com Manchester City, Aston Villa, Newcastle e Nottingham Forest se posicionando contra.
Em fevereiro de 2025, um tribunal britânico declarou as regras da APT “nulas e inexequíveis”, o que representou uma importante vitória jurídica para o clube de Manchester. De acordo com o jornal The Times, esse veredito abriu espaço para que o City reivindique uma compensação financeira pelas despesas com a ação judicial.
Disputa pelo ressarcimento
O valor total da compensação em análise pode alcançar até 20 milhões de libras esterlinas — aproximadamente R$ 150,6 milhões. Metade desse montante seria destinada diretamente ao Manchester City, como reembolso pelas custas processuais. “A quantia está sendo discutida em uma audiência específica, paralela ao processo principal”, destaca a publicação britânica.
A Premier League, por sua vez, tenta minimizar os impactos financeiros e reputacionais do revés judicial. A liga reforça que as regras visavam garantir maior equidade nas negociações comerciais entre clubes e empresas associadas aos seus acionistas. Conforme os novos parâmetros, contratos desse tipo deverão passar por uma avaliação de valor de mercado. Caso não sejam considerados justos, serão rescindidos ou reformulados para se alinharem aos regulamentos vigentes da competição.
Acusações paralelas de favorecimento
Além da solicitação por ressarcimento, o Manchester City também acusa a Premier League de conceder tratamento desigual a seus rivais. O clube aponta que operações de empréstimos feitos por acionistas de equipes como o Arsenal foram tratadas de forma diferente, sugerindo favorecimento em relação a acordos semelhantes mantidos por clubes ligados a investidores estrangeiros.
Enquanto isso, seguem as etapas do processo referente às infrações financeiras que teriam ocorrido entre 2009 e 2018. O clube poderá enfrentar sanções severas em caso de condenação, como perda de pontos, rebaixamento ou até exclusão da competição. O desfecho desse julgamento está previsto para até junho deste ano.
Conclusão
Portanto, além do extenso processo relacionado ao Fair Play Financeiro, o Manchester City agora busca reverter em ganhos financeiros a vitória jurídica obtida contra as normas da APT. Embora os valores exatos ainda estejam sob avaliação judicial, é certo que esse embate adiciona novos elementos à já complexa relação entre o clube e a liga inglesa.