O jornalista João Paulo Cappellanes, conhecido por sua atuação no programa “Jogo Aberto”, da Band, foi formalmente acusado de calúnia, injúria e difamação contra Ednaldo Rodrigues, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A denúncia foi aceita pela juíza Aparecida Angélica Correia, da 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo. O episódio teve início em fevereiro de 2024, após uma edição do programa esportivo em que o comunicador teceu críticas duras à entidade e ao seu dirigente máximo.
Notícias mais lidas:
Na ocasião, Cappellanes comentava a agressão sofrida pela delegação do Fortaleza, cujo ônibus foi alvo de ataques depois de uma partida válida pela Fase de Grupos da Copa do Nordeste. O episódio deixou seis jogadores hospitalizados e gerou forte comoção. Ao abordar a postura da CBF diante do caso, o jornalista questionou a capacidade da entidade de agir com firmeza: “Dá para esperar alguma coisa da CBF? Que tem um presidente frouxo? Que não tem comando? Que não sabe nada de futebol? Dá para esperar alguma coisa dessa entidade falida moralmente? Não dá, gente”.
Aliás, o próprio Ednaldo Rodrigues tentou resolver a questão de forma extrajudicial meses depois. Conforme relatado, em setembro daquele ano, houve uma tentativa de entendimento entre as partes, sem sucesso. Assim, o dirigente optou por formalizar a queixa-crime, que levou o caso à Justiça paulista. Atualmente, o jornalista tem um prazo de 10 dias, iniciado na última sexta-feira (04 de abril), para apresentar sua defesa formal.
Apesar disso, Cappellanes não demonstrou arrependimento. Em declarações recentes, o jornalista reafirmou suas críticas e disse que não se retrataria. “Presidente Ednaldo, se o senhor ficou chateado, eu lamento. Eu não retiro nada do que eu disse. E o senhor sabe o motivo. Ou o senhor esqueceu que nos deu a sua palavra, do que prometeu para nós, e não cumpriu?”, declarou durante entrevista.
O comentarista ainda afirmou que o processo seria uma tentativa de silenciá-lo por parte da CBF. Segundo ele, sua postura crítica em relação à gestão da entidade o teria tornado alvo de uma reação judicial com efeito intimidador. “Sinto que, por ser um dos jornalistas que mais criticam a CBF no Brasil, viram a oportunidade de me processar em cima dessa crítica que fiz, como uma forma de assustar. Um ‘cala boca’. Não vão conseguir”, disse. E concluiu: “Jamais vou me calar para aquilo que entendo ser errado”.
Entretanto, o caso levanta discussões sobre os limites entre liberdade de expressão e responsabilidade jurídica por declarações públicas. A veracidade das falas e sua intenção continuam sendo pontos centrais a serem avaliados no processo, que segue tramitando no Tribunal de Justiça de São Paulo. A repercussão do caso segue acompanhada de perto pelos torcedores e profissionais do meio esportivo, dado o papel de destaque que tanto a CBF quanto a imprensa ocupam no futebol brasileiro.