O clima em São Januário não correspondeu à vitória. Apesar do triunfo do Vasco por 1 a 0 sobre o Puerto Cabello, na noite de terça-feira (08), pela segunda rodada da Copa Sul-Americana, o apito final foi acompanhado por fortes vaias direcionadas ao técnico Fábio Carille. Os protestos, que começaram ainda no segundo tempo, ecoaram pelas arquibancadas e foram registrados tanto pela transmissão oficial quanto por vídeos publicados por setoristas presentes no estádio.
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Conforme imagens que circularam logo após a partida, parte significativa dos torcedores demonstrou insatisfação com o desempenho ofensivo da equipe, que caiu consideravelmente de rendimento na etapa complementar. Mesmo com o resultado positivo, os gritos de “fora, Carille” se intensificaram, revelando um ambiente de cobrança direta ao comandante cruz-maltino.
Torcida do Vasco xingando Carille e o treinador indo embora correndo para o vestiário de São Januário.
— Planeta do Futebol 🌎 (@futebol_info) April 9, 2025
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Coletiva marcada por tom de alerta
Na entrevista coletiva concedida logo após a vitória, o técnico Fábio Carille não se esquivou do tema e, de maneira firme, reconheceu o direito do torcedor em se manifestar, mas fez um apelo por mais apoio durante os 90 minutos.
“O Vasco precisa muito do torcedor. O Vasco. Eu vejo que quando me xingam ou xingam um atleta, isso passa pro campo, começamos a acelerar, e não está ajudando em nada. Depois do jogo, falem, fiquem à vontade, o torcedor tem seu direito e pode protestar na arquibancada. Mas tem que entender que não está ajudando”, afirmou o treinador.
Segundo Carille, as manifestações nas arquibancadas acabam influenciando diretamente a concentração e o desempenho dos atletas dentro de campo, gerando um “nervosismo desnecessário”, que, segundo ele, compromete a execução do planejamento tático.
“Depois do jogo, me xinga, acabou. Mas durante o jogo, isso está passando para dentro do campo e gerando um nervosismo desnecessário que, repetindo, não está ajudando em nada”, reforçou.
Desempenho valorizado apesar das críticas
Apesar da pressão das arquibancadas, o treinador cruz-maltino valorizou o desempenho tático da equipe diante dos venezuelanos. Conforme suas palavras, o Vasco apresentou consistência, criou boas oportunidades e seguiu o que havia sido treinado ao longo da preparação para o confronto.
“O jogo foi muito consistente, criamos várias oportunidades em cima do que trabalhamos e imaginamos. Não sei os números de finalizações, não lembro do Léo [Jardim] fazer defesas difíceis”, avaliou Carille, destacando a solidez defensiva como ponto alto da atuação.
Ainda que reconheça que o placar poderia ter sido mais elástico, o técnico celebrou os três pontos conquistados em casa e afirmou estar satisfeito com o rendimento geral da equipe, especialmente em termos de equilíbrio entre ataque e defesa.
“Vitória importante, que poderia ter sido com mais gols, mas infelizmente a gente não fez. Mas muito feliz pelos três pontos”, concluiu.
Situação do Vasco no grupo e próximos passos
Com a vitória, o Vasco encerrou a noite aguardando o encerramento da rodada para confirmar se permaneceria na liderança do grupo. O resultado, embora positivo no aspecto da tabela, evidenciou um cenário de cobrança intensa por parte da torcida, que, apesar do apoio tradicional em São Januário, tem exigido mais evolução no rendimento coletivo.
A relação entre arquibancada e comissão técnica segue, portanto, sob tensão. Fábio Carille terá agora a missão de reequilibrar o ambiente interno e buscar performances mais convincentes, a fim de que os próximos compromissos tragam não apenas resultados, mas também maior tranquilidade nos bastidores.