Valor atualizado da dívida do Santos vai lhe assustar

Escudo do Santos (Foto: Raul Baretta/Santos FC)

Na reunião do Conselho Deliberativo realizada na segunda-feira (07), o Santos teve suas contas de 2024 aprovadas por unanimidade, apesar do déficit contábil registrado no exercício. O balancete do clube apontou um rombo de R$ 105,2 milhões, enquanto a dívida total acumulada chegou a R$ 977 milhões, um crescimento de aproximadamente R$ 202 milhões em relação ao ano anterior.

O relatório do Conselho Fiscal, responsável pela análise das contas do clube, detalhou que o resultado operacional de 2024 apresentou superávit de R$ 58,3 milhões, com receitas totais de R$ 459 milhões frente a R$ 401 milhões em custos e despesas. Contudo, ao considerar amortizações, despesas financeiras, provisões, reversões de perdas e depreciações, o resultado líquido revelou o déficit.

De acordo com o parecer, a gestão orçamentária havia sido inicialmente formulada com base na manutenção do clube na Série A do Campeonato Brasileiro, cenário que não se confirmou. “A gestão caminha em um rumo de reconstrução do nosso clube, em uma espécie de choque de gestão, o que requer investimento, tempo e responsabilidade”, informou o Conselho Fiscal no parecer.

Endividamento e impacto financeiro

O documento revelou que o passivo circulante do Santos, que envolve obrigações de curto prazo, atingiu R$ 437 milhões. Já as dívidas de longo prazo somaram R$ 539,9 milhões. Dessa forma, a dívida total do clube alcançou R$ 977 milhões ao fim do exercício de 2024. O endividamento do período, por sua vez, somou R$ 122,1 milhões — valor que representa 30,99% da receita orçada. Conforme o estatuto do clube, esse índice deveria se limitar a 10%.

Ainda que os dados demonstrem deterioração financeira, o Conselho Fiscal não identificou impeditivos para a aprovação das contas, validando o cenário apresentado pela atual gestão. O presidente Marcelo Teixeira, em seu primeiro ano no comando do clube, teve de lidar com o aumento da dívida e o impacto do rebaixamento à Série B, que afetou receitas previstas e comprometeu parte do planejamento.

Retorno de Neymar e limitações estruturais

Mesmo com a volta do atacante Neymar à Vila Belmiro, a situação econômica do clube não foi amenizada. O retorno do ídolo gerou crescimento nas receitas com bilheteria, patrocínios e ações de marketing. Porém, conforme apontado pelo próprio relatório, os problemas financeiros são estruturais e decorrem de erros administrativos acumulados em anos anteriores.

A gestão de Marcelo Teixeira assumiu a presidência após a saída de Andres Rueda, que teve sua expulsão do quadro de associados aprovada em outubro de 2024. A nova administração, embora com discurso de reconstrução, encontra sérias limitações orçamentárias e precisa enfrentar os compromissos financeiros herdados.

Portanto, o cenário financeiro do Santos em 2024 reforça a gravidade da crise institucional vivida pelo clube. A aprovação das contas com um déficit elevado e o endividamento acima dos limites estatutários expõem a necessidade de revisão urgente na estrutura de gastos e receitas. O Conselho Fiscal, apesar dos alertas, reiterou a confiança na atual administração para reverter o quadro. Resta agora à diretoria encontrar alternativas sustentáveis para garantir a estabilidade financeira e a sobrevivência institucional do clube no médio prazo.