A repercussão de um pênalti polêmico assinalado a favor do Palmeiras, na vitória por 2 a 1 sobre o Sport no último domingo (06), extrapolou os limites do campo e se transformou em uma intensa discussão pública entre o jornalista Paulo Vinícius Coelho (PVC) e o presidente do clube pernambucano, Yuri Romão. O embate ocorreu durante a edição do programa “De Primeira”, do UOL, na segunda-feira (07), e acabou evidenciando não apenas a insatisfação com a arbitragem, mas também críticas à condução política da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
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No centro da polêmica está a atuação da equipe de arbitragem da partida, afastada pela CBF após admitir erro na marcação da penalidade. Yuri Romão manifestou inconformismo com a decisão do árbitro e declarou que a discussão deveria se restringir aos equívocos da arbitragem. Entretanto, PVC redirecionou o foco do debate ao questionar o papel dos clubes no processo de reeleição de Ednaldo Rodrigues, atual presidente da entidade.
“Yuri, há 15, 20, 25, 30 anos a gente reclama da arbitragem. Qual o momento que se pode fazer alguma coisa? É no momento da eleição da CBF. O presidente é reeleito por aclamação, todos votaram nele. Podia ter votado nulo, podia não ter aplaudido”, argumentou o jornalista.
A fala provocou reação imediata do dirigente rubro-negro, que classificou o posicionamento de PVC como “ativismo político”. “Nenhum presidente de clube neste país sabe o que ocorre dentro de uma Federação ou Confederação”, rebateu Yuri, tentando dissociar a crítica à arbitragem das estruturas políticas que sustentam a CBF.
PVC, por sua vez, manteve a linha crítica e reforçou: “Então o pecado é a ignorância! Eu vou votar e não sei em quem estou votando? Ora, então o pecado é a ignorância”. Posteriormente, completou dizendo que sua fala se baseava em fatos jornalísticos e não em militância, acrescentando que os clubes votaram na reeleição de Ednaldo Rodrigues há apenas duas semanas, mesmo diante de revelações graves sobre a administração da CBF.
Entre os apontamentos mencionados pelo comentarista, está uma reportagem da revista Piauí que revelou que os presidentes das federações estaduais passaram a receber salários mensais de R$ 215 mil, além de um 16º salário. PVC também citou que um projeto de R$ 60 milhões, que poderia gerar benefícios ao futebol brasileiro, teria sido recusado pela entidade, ao passo que os gastos com remuneração de dirigentes somaram R$ 75 milhões.
Yuri Romão tentou relativizar as críticas afirmando que “a questão política é muito mais ampla do que somente a questão da arbitragem”, e que mudanças estruturais dependem do Parlamento. Mesmo assim, o presidente do Sport foi confrontado novamente por PVC: “Você está dizendo que foi votar sem ter a informação de que a CBF recusou esse projeto enquanto pagava milhões em salários?”.
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Essa troca de declarações ocorreu num momento em que os torcedores demonstram crescente insatisfação com decisões arbitrais no Brasileirão. Aliás, a própria CBF tem sido pressionada a adotar medidas mais eficazes e transparentes para lidar com os erros recorrentes em campo e no uso do VAR.
Por fim, apesar de divergirem frontalmente, ambos acabaram expondo, ainda que por caminhos distintos, o descontentamento com a governança e a operação do futebol nacional — uma pauta que, como ficou claro, vai muito além das quatro linhas.