O Botafogo vive dias intensos e decisivos nesta reta final da janela de transferências do futebol brasileiro. Com o prazo se encerrando nesta sexta-feira (11), às 23h59 (horário de Brasília), o clube concentra esforços em duas contratações pontuais: um zagueiro e um meia de criação. O cenário, contudo, é marcado por limitações financeiras e por decisões estratégicas que priorizam soluções de curto prazo e negociações em formato de empréstimo.
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O departamento de futebol identificou duas necessidades urgentes no elenco. A primeira diz respeito à zaga, principalmente após a lesão no joelho esquerdo sofrida por Bastos. O defensor angolano, que inicialmente se recuperava para retornar nas primeiras rodadas do Brasileirão, teve seu tempo de retorno ampliado após novos exames. Diante da situação, o clube decidiu adotar um tratamento conservador, sem intervenção cirúrgica, e passou a buscar uma reposição imediata.
“O Bastos vinha em um processo de recuperação. Logo antes do início do Campeonato Brasileiro fizemos exames e detectamos que ele não está em uma fase avançada para performar”, afirmou o diretor de futebol Léo Coelho, em entrevista na sede da CBF.
No setor de criação, a necessidade de um camisa 10 se agravou com a dificuldade de adaptação de Santiago Rodríguez e a improvisação de atletas como Patrick de Paula e Savarino na função. Embora o foco tenha migrado para a defesa nas últimas semanas, a busca por um meia ainda não foi totalmente descartada.
Alvos no radar e dificuldades nas negociações
Conforme apuração, três nomes foram apontados como potenciais reforços para a defesa: Abner, do Juventude; Gustavo Martins, do Grêmio; e Naves, do Palmeiras. O primeiro, destaque da equipe gaúcha, teve sua contratação dificultada pelo valor da multa rescisória, estipulada em aproximadamente R$ 20 milhões. No caso de Gustavo Martins, o interesse foi real, mas a oferta de intermediários não agradou à diretoria alvinegra, que prefere negociações diretas com o Grêmio.
Já Naves, apesar do monitoramento constante por parte do clube carioca, foi considerado indisponível pelo Palmeiras para transferência neste momento. “A gente já vem monitorando o Naves há algum tempo, mas não houve nenhuma proposta. Estamos observando o mercado como um todo”, completou Léo Coelho.
Na busca por um meia, o Botafogo esbarrou em negativas. A investida sobre Cauly, do Bahia, não teve êxito, já que o clube baiano recusou abrir conversas. O técnico Rogério Ceni, inclusive, foi categórico: “Não tem proposta alguma”, declarou, encerrando qualquer possibilidade de negociação. O nome de Cristaldo, também do Grêmio, surgiu como alternativa, mas as conversas não avançaram.
Anteriormente, o clube tentou contratar Bitelo, ex-Grêmio, atualmente no Dínamo Moscou, sem sucesso diante da resistência dos russos. A direção chegou a cogitar mais de uma alternativa, mas nenhuma dentro do perfil técnico e financeiro estabelecido.
Restrições orçamentárias e estratégia
Apesar do investimento robusto de cerca de R$ 500 milhões realizado no início do ano, diluído em temporadas futuras, o clube passa agora por um momento de restrição orçamentária. A diretoria estabeleceu como prioridade contratos de empréstimo, preferencialmente sem custos de liberação. O objetivo é preservar recursos para movimentações mais relevantes na janela de transferências do meio do ano, quando jogadores atuando no exterior podem ser incorporados ao elenco.
A avaliação interna é de que a janela atual apresenta opções limitadas e, por isso, o foco está em resolver demandas pontuais sem comprometer o planejamento financeiro. “Todas essas [contratações] são para suprir uma carência curta”, destacou o dirigente alvinegro.
Improvisações e soluções internas
Enquanto a diretoria trabalha nos bastidores, o técnico Renato Paiva tem buscado soluções dentro do elenco. Na ausência de um meia-armador de origem, tem alternado De Paula, que é volante, e Savarino, que atua como ponta, na função de criação. Ainda que de forma improvisada, ambos têm contribuído em campo, mas a ausência de um especialista na posição segue como um entrave para o time.
Assim sendo, a expectativa permanece quanto aos próximos passos do Botafogo nas últimas horas antes do fechamento da janela. A movimentação é intensa, mas a estratégia é clara: contratações pontuais, de baixo custo e com foco no equilíbrio financeiro.