CBF manda recado à Conmebol por conta do Palmeiras

Allianz Parque, estádio do Palmeiras (Foto: Reprodução/Palmeiras)

A Conmebol instaurou um processo disciplinar contra o Palmeiras após a divulgação de imagens que mostram um torcedor do clube paulista imitando um macaco em direção à torcida do Cerro Porteño. O episódio ocorreu na noite de quarta-feira (09), no Allianz Parque, durante a vitória alviverde por 1 a 0 pela fase de grupos da Libertadores. O ato foi gravado por outros torcedores e amplamente disseminado nas redes sociais.

O Palmeiras, por sua vez, afirmou que não tolera atitudes preconceituosas, especialmente dentro de seu estádio, e anunciou que está utilizando tecnologia de reconhecimento facial para identificar o responsável. Em comunicado publicado nas redes sociais, o clube declarou: “Não toleramos condutas preconceituosas, especialmente em nossa casa, e seguiremos empenhados em extirpar dos estádios sul-americanos toda e qualquer forma de discriminação”. O torcedor envolvido, uma vez identificado, será banido do sistema de venda de ingressos do clube.

Esse incidente se soma a outros casos recentes de racismo no futebol sul-americano. Semanas antes, o próprio Cerro Porteño havia sido punido por atos semelhantes praticados por seus torcedores contra atletas do Palmeiras em um torneio sub-20 disputado em Assunção. Como consequência desses episódios recorrentes, a Conmebol criou no fim de março uma força-tarefa liderada por Ronaldo Nazário.

No mesmo contexto, o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, reiterou o compromisso da entidade com a luta contra o racismo. Em discurso durante o 80º Congresso da instituição, realizado nesta quinta-feira (10), Domínguez classificou o preconceito racial como “um produto de uma sociedade deteriorada”. Curiosamente, o próprio dirigente esteve envolvido recentemente em uma polêmica por conta de uma declaração considerada racista, criticada inclusive por Leila Pereira, presidenta do Palmeiras.

Enquanto isso, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, também se manifestou durante o Congresso da Conmebol. Ele aproveitou o encontro para negar qualquer favorecimento à instituição brasileira nas tratativas contra o racismo. “Não temos protecionismo. Combater a discriminação não é de forma parcial. É de forma linear”, afirmou o dirigente.

Ednaldo ainda ressaltou que a CBF atua com lisura, independência e isonomia, inclusive em casos que envolvem clubes do próprio país. “O Brasil não está livre disso. Ontem mesmo teve um fato no jogo do Palmeiras”, declarou, referindo-se ao episódio mais recente. Além disso, destacou a relevância da reunião ocorrida no dia 7 de abril com dirigentes da Conmebol, ocasião em que foram apresentadas sugestões para endurecer as punições relacionadas a casos de discriminação.

O dirigente brasileiro revelou que a CBF divulgará uma nota oficial sobre o incidente. Ele também manifestou apoio à proposta do presidente Alejandro Domínguez, que visa a inclusão de penas esportivas nas competições da Conmebol. Tais sanções poderiam representar um novo patamar de comprometimento institucional na luta contra o racismo no futebol sul-americano.

Portanto, o caso envolvendo o torcedor do Palmeiras reacende o debate sobre medidas efetivas contra a discriminação nos estádios. Tanto a Conmebol quanto a CBF sinalizam movimentos para endurecer o combate ao racismo, ainda que enfrentem desafios internos e controvérsias. O andamento da investigação e a postura dos clubes e entidades nos próximos dias serão determinantes para avaliar o grau de seriedade com que o tema continuará sendo tratado.