A recente derrota do Flamengo por 2 a 1 para o Central Córdoba, em pleno Maracanã, pela segunda rodada da Libertadores, não apenas expôs fragilidades em campo, como também revelou um aparente desencontro de discursos dentro do clube. Após o revés, declarações de Arrascaeta colocaram em xeque a comunicação entre a diretoria, comissão técnica e elenco sobre os objetivos prioritários do time em 2025.
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A declaração de Arrascaeta
Durante entrevista na zona mista, Arrascaeta foi enfático ao mencionar que, internamente, a orientação passada aos jogadores é de que o Campeonato Brasileiro é a prioridade no planejamento do clube. “Falaram para nós que o Brasileiro ia ser prioridade, mas a gente entra para ganhar cada jogo. Jogar no Flamengo é ser cobrado por isso e talvez possa refletir mais na frente, com algum desgaste físico”, declarou o camisa 10.
Embora tenha destacado que o elenco sempre entra com a mentalidade de vencer, o uruguaio reforçou que as decisões da cúpula técnica e diretiva afetam diretamente a gestão de esforço dos atletas. “Mostramos que a gente é um time que pode ser batido também. Tomara que a gente possa se recuperar o mais rápido possível desse jogo”, acrescentou o meia.
Contraponto de Filipe Luís
Entretanto, a fala de Arrascaeta colide com a posição assumida publicamente por Filipe Luís. Em entrevista coletiva após a partida, o treinador negou que existisse uma hierarquia entre as competições. “Isso não é verdade. A Libertadores é tão prioridade quanto o Brasileiro. Só que se poupou muito no Brasileiro nos últimos anos para jogar nas copas”, afirmou o técnico, que também assumiu a responsabilidade pela escolha da escalação diante do Central Córdoba.
O comandante ainda justificou as decisões com base na fase de grupos da Libertadores, que, segundo ele, permite uma margem maior para rotações e testes no elenco: “Foi uma escolha minha. Sou eu que escolho quem vai entrar em campo, pensando na sequência de jogos, no adversário que vou enfrentar e no que vem pela frente”.
Reflexos no desempenho e ambiente
A derrota para o modesto clube argentino encerrou uma sequência invicta sob o comando de Filipe Luís e acentuou a pressão sobre o grupo. O jogo, que também marcou o retorno de Pedro aos gramados após sete meses, foi marcado por vaias da torcida, insatisfeita com o desempenho e com a utilização de Ewertton Araújo entre os titulares.
A escolha por poupar peças importantes, diante da prioridade atribuída ao Brasileirão, provocou incômodo entre os torcedores, que já demonstram preocupação com a possibilidade de repetir erros de temporadas anteriores. Afinal, embora o elenco seja considerado um dos mais qualificados do continente, a gestão de competições simultâneas segue sendo um ponto sensível no clube.
Léo Ortiz endossa o discurso de Arrascaeta
Similarmente, Léo Ortiz também confirmou que a orientação passada ao elenco é de priorizar a competição nacional. “Eles (José Boto e Filipe Luís) falaram sobre priorizar o Brasileiro. No vestiário, a gente sempre fala em ir para os jogos para vencer. Todos os jogadores estão prontos para ser titular, para vencer todos os jogos”, explicou o zagueiro.
Essas declarações fortalecem a ideia de que, pelo menos entre os atletas, existe clareza sobre a escolha estratégica da diretoria, ainda que isso não esteja sendo comunicado de forma homogênea ao público e à imprensa.
Próximo desafio pelo Brasileiro
Em meio à polêmica, o Flamengo volta a campo no domingo (13), às 17h30, contra o Grêmio, pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro, na Arena, em Porto Alegre.