A vitória do Atlético por 4 a 0 sobre o Deportes Iquique, na noite de quarta-feira (10), pela segunda rodada da Copa Sul-Americana, foi marcada não apenas pelo bom desempenho em campo, mas pela ausência dos torcedores nas arquibancadas do Mineirão. A partida ocorreu com portões fechados devido a uma punição imposta pela Conmebol, o que gerou forte insatisfação por parte do técnico Cuca.
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Durante a coletiva após o jogo, o treinador criticou duramente a decisão da entidade sul-americana, classificando a penalidade como desproporcional. O Atlético foi sancionado por conta do uso de sinalizadores durante a semifinal da Libertadores de 2024 contra o River Plate, realizada na Arena MRV. Como consequência, o clube mineiro teve que atuar sem a presença de seus torcedores e ainda cumprirá mais uma partida em casa com o estádio vazio, diante do Caracas, marcada para o dia 15 de maio.
Cuca fez um paralelo com situações recentes no futebol brasileiro para questionar a coerência da punição. “Outro dia teve um jogo, a final do Campeonato Paulista, que acenderam todos os sinalizadores ao mesmo tempo. Sabe o que o árbitro fez? Deixou o jogo fluir. O que aquilo interferiu no jogo? É errado? É errado, mas isso não é o maior erro que se tem”, afirmou o técnico.
O comandante atleticano aproveitou a oportunidade para ampliar a crítica e apontar o tratamento que a Conmebol tem dado a casos de racismo nas competições continentais. Conforme suas declarações, o rigor demonstrado contra o Atlético pelo uso de sinalizadores não tem se repetido diante de manifestações discriminatórias. “Você tem razão quando fala em racismo, e a Conmebol passa a mão praticamente em cima, dando uma pequena multa, ou fazendo uma carta e coisas assim. Por isso, não resolve de uma vez para sempre”, declarou.
Cobranças por sanções mais energéticas
Aliás, o técnico sugeriu que medidas mais enérgicas deveriam ser aplicadas, a fim de combater de forma mais eficaz o problema. “Agora a punição devia ter para o racismo também. Portão fechado, não sei se seria o ideal, mas eles deviam buscar alguma coisa nesse aspecto”, completou.
O Atlético tentou recorrer da decisão no Tribunal Arbitral do Esporte (CAS), localizado na Suíça, a fim de obter um efeito suspensivo para reverter a sanção. Entretanto, o pedido foi indeferido, obrigando o clube a cumprir as duas partidas sem presença de público, conforme determinado.
O Código Disciplinar da Conmebol prevê multa mínima de 100 mil dólares em casos de atos discriminatórios motivados por cor da pele, raça, sexo, orientação sexual, etnia, idioma, credo ou origem. O documento, em seu Artigo 15, também aponta a possibilidade de atenuação da penalidade caso o clube demonstre colaboração durante o processo. Contudo, na visão do treinador atleticano, as sanções previstas e aplicadas até o momento não têm surtido o efeito necessário.
Assim, enquanto o Galo tenta manter o foco dentro de campo, Cuca levanta um debate que ultrapassa as quatro linhas. As declarações do treinador expõem um sentimento de desigualdade no tratamento de infrações pela Conmebol, o que reacende discussões sobre critérios de punição e a efetividade no combate ao racismo nas competições organizadas pela entidade.