O que deveria ser uma noite de futebol pela fase de grupos da Copa Libertadores se transformou em um episódio de extrema violência, caos e luto no Estádio Monumental David Arellano, em Santiago. A partida entre Colo-Colo e Fortaleza, realizada na quinta-feira (10), foi interrompida após torcedores do time chileno invadirem o gramado no segundo tempo. Antes disso, dois jovens torcedores morreram do lado de fora da arena em meio a uma tentativa de invasão.
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Mortes antes do início da partida
Os primeiros incidentes aconteceram ainda antes do apito inicial. Segundo autoridades chilenas, um grupo numeroso de torcedores tentou forçar a entrada pelos setores conhecidos como Tucapel e Caupolicán. Essa movimentação provocou o colapso de estruturas de segurança e gerou uma espécie de “avalanche humana”. A confusão culminou na morte de uma jovem de 18 anos e de um garoto de 13 anos, que foram esmagados contra uma cerca metálica.
Segundo o promotor Francisco Morales, uma viatura da polícia teria contribuído para o agravamento da tragédia. “Estamos trabalhando com todas as hipóteses. O cenário ainda é pouco claro”, afirmou. Uma das linhas de investigação considera que a viatura da polícia atropelou as vítimas durante a dispersão dos torcedores. Outra hipótese aponta que os dois jovens foram vítimas do tumulto e da pressão causada pela multidão.
Invasão de campo e cancelamento da partida
Durante o segundo tempo da partida, quando o placar ainda estava em 0 a 0, um painel de acrílico que separava a arquibancada do gramado foi destruído. Dezenas de torcedores do Colo-Colo invadiram o campo, forçando a paralisação imediata do jogo. Os jogadores do Fortaleza correram para os vestiários, e a tentativa de retomada da partida sem público acabou sendo descartada após quase duas horas de paralisação.
Do lado de fora, os confrontos continuaram. Relatos apontam que a polícia usou jatos d’água e bombas de gás lacrimogêneo para conter os invasores. A situação se agravou a ponto de a Conmebol decidir pelo cancelamento do confronto. Em nota oficial, a entidade lamentou profundamente as mortes e afirmou que o caso será analisado por seus órgãos judiciais.
Repercussão internacional
A cobertura internacional sobre os episódios foi intensa e unânime ao classificar a noite como trágica. Na Argentina, o diário Olé estampou: “Tragédia no Chile”, enquanto o Clarín descreveu o episódio como resultado de uma “debandada”. O La Nación, também argentino, relatou que a confusão começou após tentativa de entrada sem ingresso, destacando o uso de um canhão de água por parte da polícia.
O jornal português A Bola relatou que a partida foi “marcada por violência antes mesmo de começar”. Já o jornal colombiano El Espectador destacou que “torcedores morreram após embates com a polícia”. A rede britânica BBC e o espanhol Sport também repercutiram amplamente os acontecimentos.
Reações e consequências
Diante da gravidade da situação, o chefe da segurança dos estádios do Chile renunciou ao cargo. A Conmebol, por sua vez, reiterou seu compromisso com a segurança de todos os envolvidos nas competições que organiza. “Expressamos nossa solidariedade às famílias das vítimas”, declarou a entidade sul-americana.
Até o momento, pelo menos dez pessoas foram detidas, e as investigações seguem em curso. A Seção de Investigação de Acidentes de Trânsito da polícia chilena está à frente da perícia para determinar as causas precisas das mortes e a dinâmica da invasão.