A partida entre Colo-Colo e Fortaleza, válida pela Copa Libertadores e realizada na noite de quinta-feira (10), ficou marcada não por jogadas ou gols, mas por um episódio de extrema gravidade que chocou o continente. O confronto, realizado no Estádio Monumental, em Santiago, foi interrompido no segundo tempo após uma invasão de torcedores da equipe chilena, em meio a um cenário de tensão e violência. O cancelamento oficial da partida foi anunciado posteriormente pela Conmebol, gerando forte reação de jornalistas e figuras públicas do futebol.
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Críticas à Conmebol: “Falta de empatia e despreparo”
Profissionais da imprensa se manifestaram nas redes sociais e em veículos de comunicação, condenando a forma como a Conmebol lidou com a situação. Houve tentativas por parte dos dirigentes da entidade sul-americana de convencer os jogadores a retomarem a partida, mesmo após o campo ter sido invadido e diante do evidente risco à integridade dos envolvidos.
“A Conmebol não demonstra nenhum compromisso real com a segurança. Expor atletas e torcedores após uma tragédia é inaceitável”, disparou um dos jornalistas chilenos. Outro comentário destacava: “Queriam que o jogo continuasse como se nada tivesse acontecido. Faltou empatia e sobrou descaso”. As críticas ganharam ainda mais força após a divulgação de que dois jovens torcedores do Colo-Colo haviam morrido atropelados em confronto com a polícia antes da partida — uma adolescente de 18 anos e uma criança de 13.
Enquanto isso, a repentina renúncia de Pamela Venegas, responsável pelo programa “Estadio Seguro” no Chile, expôs publicamente a crise de credibilidade das autoridades responsáveis pela segurança nos estádios. “A gestão foi um fracasso completo”, resumiu um colunista esportivo, evidenciando o descontentamento generalizado com os procedimentos de segurança adotados no evento.
As imagens e, especialmente, a postura da Conmebol também repercutiram negativamente no Brasil. Jornalistas da mídia esportiva nacional se manifestaram nas redes sociais. “Duas jovens morreram na porta do estádio onde jogam Colo-Colo X Fortaleza pela Libertadores, neste momento, no Chile. Uma delas, uma menina de 17 anos. A torcida invadiu o campo em protesto. O que a Conmebol quer fazer após duas mortes? Seguir o jogo. Não cansam de ser lixos”, escreveu Gabriel Vaquer.
Clima tenso, objetos lançados e invasão
Antes da interrupção definitiva do jogo, o atacante Deyverson, do Fortaleza, relatou à arbitragem que objetos estavam sendo arremessados em direção ao gramado. O atleta chegou a mostrar os itens lançados aos árbitros, o que já apontava para o risco iminente. Por volta dos 24 minutos da etapa final, a tensão atingiu seu ápice: torcedores do Colo-Colo romperam o vidro de segurança e invadiram o campo.
Parte dos invasores portava objetos nas mãos, enquanto outros buscavam tirar fotos com jogadores do time chileno. A situação rapidamente se tornou insustentável. Os jogadores do time da casa tentaram conter os torcedores, enquanto os atletas do Fortaleza se dirigiram imediatamente para o túnel de acesso aos vestiários.
Reação dos clubes e posicionamento oficial
O Fortaleza se pronunciou oficialmente, afirmando que toda sua delegação estava segura e que a prioridade era o bem-estar dos seus torcedores presentes no estádio. Posteriormente, Marcelo Paz, CEO da SAF do clube cearense, divulgou um vídeo reforçando que não havia condições de continuidade da partida: “Não havia garantias mínimas de segurança, nem para atletas, nem para quem estava no estádio”, declarou.
A Conmebol, por sua vez, anunciou a suspensão do jogo alegando “falta de garantias de segurança por parte do clube local e das autoridades locais”. A entidade frisou que todos os procedimentos previstos em seu manual de clubes foram seguidos e que os desdobramentos serão tratados pela comissão disciplinar.