O afastamento de seis jornalistas da ESPN repercutiu amplamente no meio esportivo. Os profissionais foram retirados de suas funções após participarem da edição do programa Linha de Passe de segunda-feira (9), quando abordaram de forma crítica a atual gestão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), liderada por Ednaldo Rodrigues. O episódio gerou questionamentos sobre os limites entre liberdade editorial e interesses comerciais.
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Os comentaristas afastados foram Dimas Coppede, Gian Oddi, Paulo Calçade, Pedro Ivo Almeida, Victor Birner e William Tavares. Todos estavam presentes durante a discussão de uma reportagem da revista Piauí, que revelou gastos milionários atribuídos à CBF. A abordagem crítica no programa foi interpretada internamente como um fator sensível, especialmente em função da parceria da emissora com a entidade que organiza o Campeonato Brasileiro da Série B.

Em vídeo publicado em seu canal, Mauro Cezar Pereira comentou o caso, destacando que a decisão partiu de uma esfera interna da emissora. “Esse episódio que houve nessa semana, afastamento dos jornalistas e tal, que foi uma questão interna, é importante deixar isso bem claro”, afirmou o comentarista. Ele ressaltou que, embora não considere a situação ideal, relações comerciais entre quem transmite e quem organiza os torneios costumam influenciar decisões editoriais.
A CBF, por sua vez, negou qualquer envolvimento na decisão. Em nota oficial, a entidade declarou: “A CBF respeita a liberdade de imprensa com responsabilidade e não pede interferências de nenhum tipo na linha editorial de veículos de comunicação. Qualquer narrativa diferente desta é mentirosa e leviana”. A declaração foi uma tentativa de afastar a confederação das suspeitas de pressão sobre a emissora.
Enquanto isso, o programa Linha de Passe seguiu no ar com nova formação. Na edição da terça-feira (8), os jornalistas André Plihal, André Kfouri, Breiller Pires, Eugênio Leal e Leonardo Bertozzi assumiram os comentários. A troca repentina reforçou as especulações sobre a motivação por trás do afastamento dos colegas.
“Criticar a CBF, minha gente, a gente já criticou inúmeras vezes. Eu não diria que ele é um ato de heroísmo você criticar uma entidade que várias vezes foi alvo de críticas”, declarou Mauro Cezar, ao sugerir que o contexto da decisão vai além do conteúdo da crítica em si. “Antes de julgar, entenda que existem, de repente, outras questões que envolvem o dia a dia das pessoas”, completou.
O episódio reabriu o debate sobre a independência jornalística em ambientes onde os veículos mantêm relações comerciais com entidades esportivas. Afinal, conforme destacou o próprio Mauro, a realidade de quem detém os direitos de transmissão tende a ser condicionada por acordos que vão além da simples cobertura esportiva.