Perrone é sincero ao falar sobre Neymar, do Santos: “O problema é…”

Neymar em ação com a camisa do Santos em 2025 (Foto: Raul Baretta/ Santos FC)

O retorno de Neymar aos gramados, vestindo novamente a camisa do Santos, gerou enorme repercussão entre torcedores e mídia, mas também acentuou um diagnóstico preocupante: “a distância cada vez maior do jogador em relação ao futebol competitivo”. A reestreia do camisa 10, ocorrida no domingo (13), na derrota por 1 a 0 diante do Fluminense, no Maracanã, deixou mais questões do que respostas quanto à sua real capacidade de contribuir tecnicamente com o time.

Primeiramente, é inegável que Neymar ainda enfrenta as consequências da lesão muscular que o afastou por mais de um mês. Embora sua entrada tenha animado parte dos torcedores do Santos, os números mostram um desempenho bem abaixo do que se espera de um jogador com sua trajetória. Foram apenas 45 minutos em campo, com uma finalização — que, aliás, foi o único chute a gol do Santos no jogo —, além de um aproveitamento de 73% nos passes e êxito em apenas dois dos seis dribles tentados​​.

Ao mesmo tempo, Neymar protagonizou um momento de tensão com Samuel Xavier. Após uma dividida ríspida, o atacante revidou com uma cotovelada no adversário e, em seguida, o xingou no ouvido, o que resultou em um cartão amarelo. O lance foi sintomático de um jogador ainda longe de seu melhor controle emocional, mesmo sendo alvo constante de faltas — seis ao todo durante a partida.

O ídolo que vira atração fora de campo

Ainda baseado na análise do jornalista Perrone, do UOL Esporte, o impacto de Neymar no Santos atual parece muito mais simbólico do que efetivo. Sua figura atrai holofotes por onde passa. No entanto, essa notoriedade fora das quatro linhas não se converte em protagonismo técnico.

“A sensação é de que todos querem aproveitar a última dança de um ídolo em fim de carreira, apesar de ele não dizer que está caminhando para a sua aposentadoria”, afirmou o comunicador em coluna publicada nesta segunda-feira (14)​.

Aliás, é possível afirmar que o retorno do atacante à Vila Belmiro tem sido mais marcado por badalações e interações com celebridades e torcedores do que por atuações decisivas. Isso ficou evidente também nos bastidores do Maracanã, onde Neymar tirou diversas fotos e protagonizou momentos que mais remetem ao universo das celebridades do que ao de um atleta em plena forma.

A cobrança por resultados

Do ponto de vista esportivo, o cenário é preocupante. O Santos amarga apenas um ponto em três rodadas do Campeonato Brasileiro e ocupa a 18ª posição na tabela, vindo de atuações apáticas e dificuldades na criação ofensiva.

A corda se estreitou, e Pedro Caixinha foi o primeiro nome da barca na temporada. O técnico foi desligado do cargo após reunião entre a cúpula santista na manhã desta segunda-feira (14).

Uma figura polarizadora

A reação dos torcedores também tem sido dividida. Enquanto alguns defendem paciência com o retorno do ídolo, outros demonstram ceticismo. Comentários nas redes sociais e nas colunas esportivas refletem esse embate. “Neymar sozinho não vai fazer milagres”, opinou um leitor em resposta à análise de Perrone. Ainda assim, há quem veja valor em sua simples presença: “Só o fato de ele ter entrado mudou o jogo”, escreveu outro.

Contudo, essas percepções, ainda que válidas, não mudam a constatação de que Neymar, neste momento, parece mais distante do alto rendimento que marcou sua carreira. O desequilíbrio técnico e físico é evidente, e isso se reflete diretamente na performance do time.

A julgar pela atuação no Maracanã, Neymar precisa de tempo, ritmo e sobretudo foco para voltar a ser decisivo. O que está em jogo não é apenas a reconstrução do Santos, mas também a reconstrução da própria relevância esportiva de um dos maiores jogadores brasileiros da última década.