Romero, do Corinthians, cutuca Leila Pereira, do Palmeiras

Leila Pereira durante coletiva do Palmeiras (Foto: Reprodução)

O clássico entre Palmeiras e Corinthians, disputado no sábado (12) na Arena Barueri, pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro, ultrapassou as quatro linhas e ficou marcado por episódios lamentáveis envolvendo parte da torcida palmeirense. O atacante Ángel Romero, do Corinthians, foi alvo de manifestações homofóbicas e xenofóbicas durante o aquecimento e, posteriormente, reagiu com veemência ao ocorrido, cobrando providências e criticando o que considera tratamento desigual no futebol brasileiro.

Ainda durante o aquecimento do time corintiano, parte da torcida alviverde entoou cânticos homofóbicos direcionados ao jogador, especialmente enquanto o jogador paraguaio realizava alongamento próximo às arquibancadas inferiores. A frase “Romero, v***o!” foi claramente ouvida e repercutida. A atitude durou cerca de 10 segundos e acabou abafada pela recepção à entrada do elenco palmeirense em campo.

Na manhã de domingo (13), o clube alviverde publicou uma nota oficial repudiando o comportamento de seus torcedores. “O Palmeiras repudia toda e qualquer forma de preconceito e, como é de conhecimento público, segue comprometido com o combate à discriminação”, afirmou o clube. Conforme o comunicado, a instituição mantém campanhas constantes de conscientização e cobra das autoridades punições mais severas contra atitudes como homofobia, racismo e xenofobia.

Denúncia e desabafo de Romero

Após o confronto, Romero falou com a imprensa na zona mista e revelou a indignação com os insultos, classificando o episódio como mais um reflexo de uma realidade que, segundo ele, é recorrente no país. “Sempre vou ser contra xenofobia, preconceito, discriminação. Eu convivo com isso quase todo dia. É por isso que eu falei que o Brasil é o país com mais racismo, com mais discriminação”, declarou.

O atacante também sugeriu haver um padrão de julgamento desigual entre clubes brasileiros. “Quando os rivais fazem não acontece nada. Mas se fosse na Arena, a gente já sabe o que iria acontecer”, afirmou, em referência à Neo Química Arena, casa do Corinthians. Em tom crítico, Romero também direcionou palavras à presidente do Palmeiras: “Vamos ver se hoje a presidente (Leila) também vai ver isso, se escutou o que estavam falando. Tem que perguntar para ela que está preocupada com isso.”

Repercussão e medidas anteriores

O posicionamento do clube alviverde ocorre em meio a um momento em que a diretoria tem intensificado ações contra discriminação. Após a partida contra o Cerro Porteño, pela Libertadores, um torcedor palmeirense foi identificado por gestos racistas. O clube o puniu com a exclusão do programa Avanti, bloqueio no sistema de ingressos e registro de boletim de ocorrência. “A discriminação é um problema estrutural enraizado na sociedade e somente será extirpado do futebol com o empenho de todos nós”, pontuou o comunicado.

Contexto do clássico e provocação mútua

Além dos episódios discriminatórios, o dérbi também foi marcado por provocações entre torcidas. Cabeças de galinha foram arremessadas no gramado por torcedores do Palmeiras, gesto que remete à cabeça de porco lançada por corintianos em confronto anterior entre as equipes, em 2024.

Em suma, o clássico paulista escancarou mais uma vez os desafios enfrentados pelo futebol brasileiro no combate à intolerância dentro e fora de campo. Enquanto o Palmeiras tenta mostrar comprometimento com medidas institucionais, Romero utiliza sua visibilidade para dar voz a denúncias que, infelizmente, seguem presentes nos estádios do país.