O jornalista Juca Kfouri não poupou palavras ao comentar o recente indiciamento de Bruno Henrique, atacante do Flamengo, acusado de envolvimento em um esquema de manipulação de apostas. Em sua coluna, ele classificou o episódio como “o começo do fim da carreira” do ídolo rubro-negro.
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De acordo com Kfouri, a Polícia Federal encontrou mensagens comprometedores trocadas entre o jogador e seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior. Essas mensagens apontam que Bruno teria combinado a aplicação de um cartão amarelo em uma partida do Campeonato Brasileiro contra o Santos, em novembro de 2023, a fim de beneficiar apostas feitas por familiares.
“A PF, que não aposta, mas indicia, pegou mensagens comprometedoras dele combinando cartões amarelos com o irmão”, afirmou o colunista.
Ainda conforme o jornalista, a gravidade do caso não se limita à conduta do jogador em campo, mas se estende à banalização dos patrocínios e do discurso oficial. “Bruno Henrique ostenta no peito a marca pix.bet, ou fla.bet, ou PQP.BET. Não importa”, ironizou. Ele relembra que escândalos desse tipo não são novidade, fazendo alusão à antiga Loteria Esportiva e às apostas clandestinas, que, conforme suas palavras, evoluíram para “bets legalizadas e anunciadas pelos influenciadores mundo afora”.
“E Bruno Henrique precisa? E Lucas Paquetá precisa? E Luiz Henrique precisa?”, questiona Kfouri. Para ele, o problema passa a residir nas más influências externas e na ausência de discernimento: “Já os parentes, os parças e a falta de neurônios!”.
Conversas revelam empréstimo
As investigações conduzidas pela Polícia Federal encontraram indícios mais concretos a partir do celular do irmão do jogador. Segundo a apuração da ESPN, conversas revelam que Bruno Henrique teria informado a Wander, com antecedência, sobre a partida em que forçaria um cartão amarelo. A aposta seria de R$ 3 mil, com previsão de retorno de R$ 12 mil, caso o evento se confirmasse — o que de fato ocorreu no duelo contra o Santos, quando Bruno foi expulso no segundo tempo.
Contudo, o pagamento foi bloqueado por suspeita de fraude. Wander passou, então, a pressionar o irmão por ajuda financeira. Em mensagens trocadas entre os dias 9 e 10 de dezembro de 2023, ele solicita valores para pagar pensão e o cartão de crédito, e menciona explicitamente: “No dia que você me deu ideia do cartão, eu apostei R$ 3 mil pra ganhar R$ 12 mil. Só que até hoje eles não pagaram”.
A resposta de Bruno Henrique foi o envio de um comprovante de transferência bancária, acompanhado de uma advertência: “Pegando dinheiro, você paga, hein”. A situação se agravou com o volume de mensagens analisadas — cerca de 3.989 conversas foram extraídas do celular do jogador, embora muitas tenham sido apagadas. Segundo os investigadores, isso pode indicar tentativa de ocultação de provas.
Além de Bruno Henrique e Wander, também foram indiciadas Ludymilla Araújo Lima, esposa de Wander, e Poliana Ester Nunes Cardoso, prima do atleta, por participação nas apostas. Eles respondem por fraude e estelionato, crimes que preveem penas de até seis anos de reclusão.
Flamengo se posiciona com cautela
Procurado, o Flamengo afirmou que ainda não foi notificado oficialmente por nenhuma autoridade pública. Em nota, o clube declarou manter “compromisso com o cumprimento das regras de fair play desportivo”, mas reiterou a defesa do princípio da presunção de inocência. O posicionamento, embora protocolar, reforça que o processo segue em fase investigativa.
Enquanto isso, as consequências esportivas e reputacionais para Bruno Henrique são cada vez mais evidentes. “Nenhuma derrota do tamanho do indiciamento de Bruno Henrique”, sentenciou Juca Kfouri, comparando o escândalo ao desempenho esportivo do clube em outras frentes. Afinal, conforme destacou o colunista, o episódio não representa apenas um erro pessoal, mas um reflexo preocupante de como o futebol se tornou, em suas palavras, “terra fértil para apostas duvidosas e decisões inconsequentes”.