Crise!? Internacional tem prejuízo milionário

Internacional (Foto: Reprodução/Internacional)

O Internacional encerrou o ano de 2024 com um rombo de R$ 34,4 milhões nas suas contas, conforme demonstrativo financeiro divulgado aos conselheiros na terça-feira (15). Mesmo com a venda do meio-campista Gabriel Carvalho ao Al Qadisiyah, da Arábia Saudita, por R$ 109 milhões, os efeitos econômicos das enchentes e o aumento expressivo dos custos operacionais comprometeram o balanço final da temporada.

As enchentes que atingiram Porto Alegre em maio do ano passado foram apontadas pela gestão como um dos principais fatores do prejuízo. De acordo com estimativa da diretoria colorada, os impactos diretos e indiretos somaram R$ 90 milhões.

Esse montante contempla não apenas a reconstrução do CT Parque Gigante e a reforma do Beira-Rio, com custo calculado em R$ 19 milhões, mas também prejuízos indiretos como a estagnação do quadro social (R$ 25 milhões) e a eliminação precoce de competições (R$ 33 milhões).

Parte das perdas foi compensada por repasses externos. O clube recebeu R$ 8,9 milhões de seguro e um auxílio financeiro de R$ 4 milhões concedido pela CBF. Contudo, essas receitas extraordinárias não foram suficientes para reverter o cenário deficitário.

Despesas operacionais em alta

Outro fator decisivo foi o crescimento expressivo das despesas operacionais. Segundo o parecer do Conselho Fiscal, os custos saltaram de R$ 287,5 milhões em 2023 para R$ 404,4 milhões no último ano. “Esse aumento decorre, primordialmente, do investimento no elenco profissional, refletindo em remuneração, direitos de imagem e amortizações, somados aos efeitos adversos dos eventos climáticos”, diz o relatório.

Embora o déficit seja significativo, a direção destacou que ele ficou abaixo do montante autorizado pelo Conselho Deliberativo, que havia aprovado um resultado negativo de até R$ 44,3 milhões para 2024. “O resultado não foi tão ruim quanto o previsto”, pontuou a diretoria.

Queda de receitas e reversão contábil

As receitas do clube também diminuíram, totalizando R$ 621 milhões em 2024 — valor inferior aos R$ 654,6 milhões registrados no ano anterior. Essa diferença foi influenciada, principalmente, pela reversão parcial de R$ 219 milhões lançados no exercício de 2023, referentes à venda dos direitos de transmissão à Liga Forte União. Essa operação contábil, revertida em parte no início deste ano, ajudou a explicar o superávit de R$ 168,8 milhões obtido naquele período.

Aumento da dívida total

O endividamento do clube voltou a crescer. A dívida saltou de R$ 1,04 bilhão para R$ 1,25 bilhão, considerando também o passivo da reforma do estádio Beira-Rio — que, segundo o próprio Inter, não é de responsabilidade direta do clube. Apesar do aumento preocupante, o Conselho Fiscal recomendou a aprovação das contas apresentadas.

Próximos passos

As informações financeiras, reunidas no relatório oficial, foram encaminhadas aos membros do Conselho Deliberativo. Uma reunião para avaliação e possível aprovação das contas está marcada para o dia 28 de abril. Até lá, a diretoria decidiu não se pronunciar oficialmente sobre os números, informando que qualquer declaração será feita apenas no encontro.

Com efeito, o primeiro déficit desde 2021 simboliza os desafios enfrentados pela atual gestão, liderada por Alessandro Barcellos, diante de circunstâncias climáticas excepcionais e da manutenção de um alto nível de investimento esportivo.