Torcida do Corinthians toma nova ação para ajudar o clube

Escudo do Corinthians na Néo Química Arena (Foto Reprodução/Instagram)

A campanha “Doe Arena”, iniciativa que visa amortizar a dívida do Corinthians com a Caixa Econômica Federal referente à Neo Química Arena, entrou em nova fase com ações robustas lideradas pela Gaviões da Fiel. A dívida original, superior a R$ 688 milhões, já sofreu uma redução significativa graças ao envolvimento direto dos torcedores, que somam mais de 865 mil doações e quase R$ 40 milhões arrecadados até o momento.

Inspirada na histórica invasão corintiana de 1976, a Gaviões da Fiel transformou o episódio simbólico em estratégia prática. Conforme palavras de Alê Pereira, presidente da torcida: “A Invasão não é mais só digital. É nos mutirões, é nos estádios adversários, é na rua. A gente vai ocupar tudo. Essa campanha é do corinthiano para o Corinthians, e a Fiel está mostrando como se faz história fora de campo”.

A atual mobilização vai além da simples arrecadação. A ideia é consolidar um movimento cultural de pertencimento e engajamento contínuo, com a torcida sendo protagonista do processo de recuperação financeira do clube.

Estrutura da campanha

A campanha apresenta múltiplas frentes de arrecadação. O valor mínimo sugerido para doação é de R$ 10, com contribuições podendo ser feitas diretamente pelo site doearenacorinthians.com.br. A plataforma permite também valores personalizados, o que amplia o acesso de torcedores de diferentes realidades econômicas.

Em campo, os jogos na Neo Química Arena passaram a contar com stands oficiais da campanha, onde são distribuídos brindes e selos como o “Fiel Doador”. Fora de casa, desde sábado (12 de abril), a iniciativa conta com ingressos simbólicos para partidas como forma de engajamento. Por R$ 10, torcedores podem adquirir esse ingresso virtual, limitados à capacidade dos estádios adversários.

Estratégias de engajamento

A campanha ganhou novo fôlego com uma série de ações organizadas pela Gaviões da Fiel. Entre elas estão mutirões digitais com apoio de influenciadores, lives temáticas e a Corrida de Rua Doe Arena, prevista para ocorrer nos arredores da Neo Química Arena. A proposta do evento é converter a prática esportiva em mais uma ferramenta de captação de recursos.

A cada terça-feira, sempre às 19h10, acontece a “Live de 76 segundos” — em alusão à invasão de 1976. A transmissão envolve personalidades como Mila Alves, Fernanda de Freitas, Alessandra Negrini e perfis engajados da torcida, como Meu Timão, Repórter Coringão e Casal Coringão. Essa dinâmica visa criar um “mapa emocional” da campanha, com cada semana sendo liderada por um estado brasileiro diferente.

Vinicius Manfredi, superintendente de marketing, comentou: “Existe uma demanda reprimida de torcedores que querem se sentir parte do clube. O produto precisa se adaptar a esses gatilhos de pertencimento, não apenas à parte de ingressos”.

Desafios enfrentados

Embora a campanha tenha alcançado resultados expressivos em seus primeiros meses, houve uma desaceleração no ritmo de doações. Fatores como o contexto econômico do país, a sobreposição com outras causas sociais e o desânimo de parte da torcida diante da realidade financeira do clube têm afetado a adesão. A Gaviões da Fiel, contudo, não tem recuado. Mutirões e eventos públicos seguem sendo organizados com a finalidade de manter a campanha visível e ativa.

Impacto coletivo e legado

Mais do que um projeto financeiro, o “Doe Arena” busca consolidar uma cultura de participação ativa da torcida nos assuntos do clube. A iniciativa já gerou economia de quase R$ 7 milhões por ano em juros, o que reforça a importância de cada contribuição. A expectativa é de que essa mobilização sirva de modelo para outras ações futuras, promovendo uma torcida ainda mais engajada nas decisões estruturais do clube.

A campanha segue até maio e representa um marco de união da torcida corintiana. Como destacou o texto oficial da Gaviões, “quando um torcedor faz uma doação, ele está não apenas contribuindo com dinheiro, mas também com esperança”. A mobilização da Fiel, portanto, segue como expressão de resistência, solidariedade e, acima de tudo, pertencimento.