A goleada do Flamengo por 6 a 0 sobre o Juventude, na noite de quarta-feira (16), no Maracanã, foi marcada não apenas pela atuação dominante em campo, mas também pela repercussão em torno da presença do público no estádio. Apesar da exibição incontestável, a baixa ocupação das arquibancadas provocou manifestações tanto da comentarista Ana Thaís Matos, durante a transmissão da Globo, quanto do zagueiro Danilo, que marcou seu primeiro gol com a camisa rubro-negra.
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Durante a transmissão da partida, Ana Thaís Matos não escondeu a insatisfação com o cenário das arquibancadas. Em tom crítico, ela afirmou: “Um timaço como esse do Flamengo não pode jogar para menos de 30 mil pessoas aqui no Maracanã. Muito pelo contrário. A diretoria tem que reavaliar e ter a humildade de entender que a torcida tem que ver esse time jogar.”
A jornalista trouxe à tona uma questão que tem se tornado recorrente: os altos preços dos ingressos. Os bilhetes para o confronto contra o Juventude variaram entre R$ 80 e R$ 500, o que resultou em um público total de apenas 31.445 pessoas — número considerado aquém para a magnitude do elenco rubro-negro e para a importância do confronto válido pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro.
Assim como Ana Thaís, o zagueiro Danilo também abordou o tema após o apito final. Recém-recuperado de lesão e autor do terceiro gol da noite, ele aproveitou a entrevista pós-jogo para compartilhar sua frustração.
“O Flamengo é uma questão cultural. É muito mais legal jogar com o Maracanã cheio. O Flamengo é do povo. Espero que essa situação possa se resolver da melhor maneira possível”, declarou. O defensor ainda enfatizou que não sabe como o problema será solucionado, mas espera que a diretoria encontre uma saída “bacana” para que o estádio esteja sempre lotado.
O protesto da torcida rubro-negra foi evidente. Durante o jogo, parte do público entoou cânticos contra o presidente Rodolfo Landim, conhecido como Bap, e protestou contra a política de preços dos ingressos. Sectores como o Leste Superior e grande parte do setor Sul permaneceram fechados, em função da estratégia do clube de abrir apenas áreas proporcionais à demanda, como forma de conter custos operacionais no Maracanã.
Ainda que o tema extracampo tenha dominado parte da repercussão, a atuação de Danilo merece destaque. O zagueiro, natural de Bicas, Minas Gerais, voltou a jogar após quase dois meses afastado por lesão na coxa. Além do gol marcado aos 21 minutos do primeiro tempo, ele participou ativamente da construção de jogadas, liderou o time em passes certos e foi o segundo com mais desarmes, consolidando uma performance segura e eficiente.
“Foi maravilhoso marcar com a camisa do Flamengo diante da torcida no Maracanã. Essa era uma das sensações que eu estava buscando quando decidi voltar para o Brasil”, celebrou o zagueiro, visivelmente emocionado. Ele ainda comentou o período de inatividade: “Estava me sentindo mal. Ninguém quer se lesionar. Mas consegui retornar e ajudar o Ortiz a descansar. O mais importante é que ajudei a defesa a manter um nível.”
Outro ponto abordado por Danilo foi o indiciamento de Bruno Henrique pela Polícia Federal. O atacante entrou em campo nos minutos finais e foi ovacionado pela torcida. O zagueiro saiu em defesa do companheiro: “Nosso papel não é julgar. É dar suporte. Ele é do bem. Me surpreendeu muito o tamanho que ele tem aqui no Flamengo. Só espero que o Bruno esteja bem e com a cabeça boa.”
Com o resultado, o Flamengo manteve a liderança do Campeonato Brasileiro e volta a campo no próximo sábado (19), novamente no Maracanã, onde enfrentará o Vasco, em mais um clássico que promete movimentar o cenário esportivo carioca — e, espera-se, também as arquibancadas do estádio.