A definição do novo técnico da Seleção Brasileira parece estar entre dois nomes com trajetórias vitoriosas, mas com perfis táticos e comportamentais distintos: Jorge Jesus e Carlo Ancelotti. Ambos carregam um histórico respeitável e, atualmente, figuram como os favoritos da CBF para comandar o Brasil no ciclo que se inicia após a saída de Dorival Júnior.
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O português Jorge Jesus se notabilizou por seu estilo ofensivo e intensidade tática. Conhecido por montar equipes que valorizam a posse de bola desde a defesa, Jesus aposta em formações como o 4-4-2 ou 4-1-3-2, promovendo superioridade numérica com movimentações coordenadas. A busca constante por aglomeração no setor da bola e o uso de amplitude ofensiva com um jogador aberto no lado oposto são traços marcantes do seu trabalho.

Sem a bola, o técnico português exige alta intensidade. Seus times pressionam com encaixes individuais e são orientados a recuperar a posse rapidamente, preferencialmente no campo ofensivo. “Corro mais aqui [Al-Hilal] do que na Inglaterra. É uma exigência do Jesus”, revelou o meio-campista Rúben Neves. Já Filipe Luís, que trabalhou com o treinador no Flamengo, o classificou como “o melhor treinador que já tive na carreira”.
Carlo Ancelotti, por sua vez, atua com um estilo mais flexível. Seu perfil tático é moldado pelas características dos jogadores que tem à disposição, como demonstrado nas últimas temporadas pelo Real Madrid. O italiano alternou entre diferentes formações — do 4-3-3 ao 4-3-1-2, passando pelo 4-4-2 — sempre buscando extrair o melhor de seus atletas. A fluidez em sua proposta é reflexo de sua prioridade em adaptar o esquema ao talento disponível.
Na fase defensiva, Ancelotti também adota estratégias variadas. Enquanto Jorge Jesus é adepto da pressão constante, o treinador italiano analisa o contexto: pode usar blocos baixos se estiver em vantagem no placar, ou aplicar marcação alta em cenários que exigem maior agressividade. Sua abordagem flexível é respaldada por sua trajetória de títulos nas cinco principais ligas da Europa e recordes na Champions League.
Outro diferencial de Ancelotti é sua habilidade de gestão de grupo. Segundo Robert Lewandowski, que atuou com o técnico no Bayern de Munique, ele “é como um pai” para os jogadores. Essa capacidade de criar vínculos e manter o ambiente do vestiário coeso é frequentemente citada como uma de suas maiores virtudes.
Assim sendo, o debate sobre quem deve assumir o comando da Seleção envolve mais do que estatísticas ou troféus. Trata-se de uma escolha entre dois estilos consolidados: um treinador exigente e intenso, que molda seu time em torno de uma ideia clara de jogo, e outro mais flexível e diplomático, que adapta sua tática ao elenco e sabe gerir grandes estrelas. A decisão da CBF, portanto, passa por entender qual desses perfis melhor se encaixa no planejamento atual da equipe brasileira.