Mesmo diante de manifestações no Maracanã e declarações públicas de jogadores e do técnico Filipe Luís, o Flamengo optou por manter inalterada sua atual política de preços de ingressos para os jogos em 2025. A decisão, segundo a diretoria rubro-negra, está fundamentada em estratégias financeiras voltadas à sustentabilidade do clube, à manutenção de um elenco competitivo e ao planejamento de investimentos estruturais — incluindo o desejo de construir um estádio próprio.
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Estratégia financeira inalterada
De acordo com a gestão atual, liderada pelo presidente Luiz Eduardo Baptista, a elevação dos preços visa ajustar as finanças do clube a um cenário de custos crescentes. A variação nos valores dos ingressos, que atualmente oscilam entre R$ 80 e R$ 500 dependendo do setor e da categoria, é considerada parte de uma precificação dinâmica, ajustada conforme a demanda e o tipo de competição — seja no Campeonato Brasileiro ou na Libertadores.
Ainda assim, o setor Norte, tradicionalmente o mais procurado, apresentou um reajuste médio entre 20% e 30% em relação ao ano anterior. Em alguns casos, o valor chegou a subir de R$ 80 para R$ 100. Entretanto, na partida contra o Juventude, o preço voltou ao patamar anterior. Para sócios-torcedores, por exemplo, o ingresso mais barato nessa ocasião foi de R$ 20 no setor Sul, como parte da estreia do novo plano de sócios.
Custos operacionais e baixa adesão
A diretoria argumenta que os custos operacionais no Maracanã também influenciam diretamente na política de preços. Gastos com segurança, ambulância e outros serviços variáveis aumentam significativamente quando setores menos populares não são preenchidos. Por essa razão, é comum que partes do estádio, como o Leste Superior e o Sul, sejam fechadas, o que reduz a capacidade em até 10 mil lugares.
No duelo contra o Juventude, realizado em uma quarta-feira (16), o público presente foi de 31.445 pessoas, com arrecadação de R$ 2.296.245,00. O clube atribuiu a baixa adesão, em parte, à véspera do feriado de Páscoa e ao apelo reduzido do adversário. Entretanto, partidas anteriores registraram públicos mais expressivos: 45.528 pagantes na estreia do Brasileirão contra o Internacional e 53.095 torcedores no primeiro jogo da Libertadores em casa.
Reações internas e protestos
Apesar de não haver manifestações frequentes em todos os jogos, os protestos no confronto contra o Juventude ganharam destaque. Torcedores criticaram a diretoria nas arquibancadas, e o presidente Luiz Eduardo Baptista chegou a ser hostilizado. Informações de bastidores indicam que parte dessa pressão teria sido articulada por aliados do ex-presidente Rodolfo Landim, embora o movimento não tenha se repetido com frequência.
Internamente, o técnico Filipe Luís e alguns jogadores expressaram solidariedade aos torcedores. “É um assunto que não é meu, é da diretoria. Não tenho nada a ver com isso. É claro que eu e todos os jogadores trabalhamos sempre pelo torcedor. É o que nos move”, afirmou o treinador. Ele completou dizendo: “A única coisa que peço é que a torcida nos apoie. Que o torcedor nos acompanhe. Precisamos muito dele no estádio para poder performar melhor.”
O meia Danilo também comentou sobre o tema, destacando o aspecto cultural da torcida rubro-negra. “A torcida do Flamengo é uma questão cultural, excede o Flamengo, excede a cidade do Rio de Janeiro e o Estado. É muito mais legal jogar com o Maracanã cheio, o Flamengo é do povo.”
Justificativas e comparações
O Flamengo argumenta que, mesmo com os reajustes, o valor médio dos ingressos se mantém entre os mais altos do país — na estreia do Brasileirão, por exemplo, o ticket médio foi de R$ 69,19. A diretoria justifica que, em outras praças, os preços são superiores e sem os mesmos benefícios legais de gratuidade.
Além disso, o clube eliminou a venda física de ingressos desde o ano passado, passando a adotar exclusivamente a biometria facial como método de acesso ao estádio. Para alguns setores, essa decisão pode ter contribuído para a diminuição da presença do público com menor poder aquisitivo.
Perspectivas e resistência
Apesar das críticas, a diretoria permanece firme na convicção de que a política atual é necessária para garantir o equilíbrio financeiro do clube. A expectativa é de que os investimentos mantidos, tanto no futebol quanto na infraestrutura, justifiquem os preços praticados e garantam a manutenção da competitividade esportiva.