Em depoimento recente à Polícia Civil de São Paulo, a coordenadora do programa Fiel Torcedor, Gabriela Rosa, expôs uma série de irregularidades no sistema de vendas de ingressos do Corinthians. Além disso, a funcionária relatou ter sido alvo de assédio moral ao se recusar a seguir orientações que contrariavam as diretrizes internas do clube.
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Gabriela afirmou que, há cerca de um ano, começou a receber ordens que iam contra as normas institucionais. Por resistir a essas práticas, relatou ter sido hostilizada. Durante o depoimento, ela detalhou como ocorriam falhas na distribuição dos ingressos. Entre os pontos destacados, estavam a diminuição na quantidade de entradas destinadas ao Fiel Torcedor, a emissão de cortesias sem identificação de beneficiários e a liberação direta de ingressos para torcidas organizadas, sem uso do sistema oficial.
Mesmo sem apoio institucional, a coordenadora iniciou uma apuração por conta própria. Segundo ela, os bilhetes revendidos por um cambista conhecido como Tavão saíam de uma conta interna chamada “Arrecadação Vendas”. Ela também apontou ligações familiares entre o cambista e funcionárias do setor de arrecadação e da administração da Neo Química Arena.
As denúncias foram encaminhadas ao então CEO do clube, Fred Luz, e ao diretor administrativo Marcelo Mariano, mas nenhuma medida foi adotada. Conforme a funcionária, seu superior imediato, Lucio Blanco, também foi informado. Ainda assim, não houve providências. Gabriela revelou que, após insistir nas denúncias, foi forçada a tirar férias.
O ex-gerente operacional Ricardo Okabe confirmou as declarações de Gabriela e colaborou com a investigação. Segundo ele, sua demissão ocorreu dois meses após denunciar os mesmos fatos à direção.
Apesar da gravidade das denúncias, o inquérito foi arquivado. Segundo o delegado Marcel Madruga, o caso envolve falhas administrativas internas e deve ser tratado por mecanismos internos de controle do próprio clube.