Defesa de Bruno Henrique lançou suspeita sobre aposta

Bruno Henrique em coletiva pelo Flamengo — Foto: Reprodução/FlaTV

Envolvido em uma investigação da Polícia Federal, o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foi recentemente indiciado por suposta participação em um esquema de manipulação de apostas esportivas. A acusação gira em torno da aplicação de um cartão amarelo durante partida contra o Santos, válida pela 31ª rodada do Brasileirão de 2023. O jogo ocorreu em 1º de novembro daquele ano, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, e terminou com vitória santista por 2 a 1.

Defesa nega intenção e questiona árbitro

A defesa do jogador sustentou perante o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) que não houve “ação dolosa” por parte do atleta. Conforme alegado, Bruno Henrique não teve qualquer intenção de interferir no resultado da partida para beneficiar apostas.

“O árbitro também está sendo investigado ou apenas o atleta?”, questionaram os advogados, que também apontaram possíveis falhas na conduta do árbitro Rafael Klein, responsável por aplicar o cartão.

A defesa classificou o lance como corriqueiro e alegou que a jogada poderia ser interpretada como normal, sem necessidade de punição. O próprio STJD, em setembro de 2024, arquivou o caso com base em três fundamentos: lance comum, lucro ínfimo e prática habitual.

Supostas mensagens e ligações familiares

A investigação da Polícia Federal, entretanto, incluiu mensagens de WhatsApp que revelam uma possível conexão entre Bruno Henrique e familiares envolvidos nas apostas. As apostas foram feitas por pessoas próximas ao jogador, incluindo seu irmão, cunhada e prima.

A casa de apostas Betano, onde seis das 14 apostas suspeitas foram realizadas, detectou movimentações irregulares e travou os pagamentos antes mesmo do término do jogo.

“Da Betano já caiu aí?”, teria perguntado o irmão do jogador, Juninho, ao colega Claudinei Mosquete Bassan logo após o jogo. “Nada, viado”, respondeu.

Tentativa de descredibilizar a denúncia

A estratégia da defesa também envolveu críticas à origem da denúncia. Os advogados contestaram a credibilidade do alerta da Associação Internacional de Integridade de Apostas (IBIA), reforçando que a Betano, casa envolvida no caso, é patrocinadora do Atlético-MG — adversário do Flamengo na final da Copa do Brasil de 2023.

O alerta foi encaminhado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) à Polícia Federal no dia seguinte à vitória do Flamengo sobre o Palmeiras nas oitavas de final da Copa Betano do Brasil.

Os defensores classificaram a operação como “truculenta e espetaculosa”, levantando suspeitas sobre a neutralidade da denúncia diante da relação comercial entre a Betano, a CBF e o Atlético-MG.

Atuação das casas de apostas

Representantes do setor de apostas defenderam o processo de detecção de irregularidades. Conforme explicou o presidente do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), Fernando Vieira, as operadoras licenciadas utilizam sistemas baseados em inteligência artificial para monitorar apostas em tempo real, encaminhando alertas à IBIA sempre que necessário.

De acordo com o consultor jurídico da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), Bernardo Freire, os alertas surgiram “quase que simultaneamente às apostas”, o que reforça a efetividade do monitoramento. Até o momento, os valores apostados continuam bloqueados.

Perspectivas e próximos passos

Embora o STJD tenha arquivado o processo, o inquérito policial segue em curso. A acusação formal por parte do Ministério Público ainda está pendente. Caso ocorra, Bruno Henrique poderá se tornar réu no processo.

Enquanto isso, o Flamengo segue monitorando a situação, sem manifestação pública recente. A defesa do jogador também não se pronunciou após o indiciamento, mantendo a linha adotada durante a fase inicial do processo.