O Flamengo iniciou articulações para viabilizar a reintegração de torcidas organizadas que estão proibidas de frequentar os estádios desde o ano passado. A movimentação ocorre após a punição imposta pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, decorrente de um episódio violento envolvendo integrantes da Torcida Jovem e da Raça Rubro-Negra, antes de um clássico contra o Vasco. A briga, ocorrida em 2023, resultou em oito pessoas feridas e uma morte.
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Desde então, essas torcidas tiveram suas atividades interrompidas por decisão judicial, que incluiu não apenas a exclusão dos estádios, mas também a interdição das sedes, o bloqueio de contas bancárias, a quebra do sigilo eletrônico e a apreensão de documentos das organizações envolvidas. Além das torcidas do Flamengo, outras agremiações também foram afetadas, como a Força Jovem do Vasco e a Young Flu, do Fluminense.
Diante desse cenário, o clube rubro-negro vem promovendo reuniões com representantes das torcidas punidas. A intenção é apresentar às autoridades de segurança pública uma nova proposta de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), documento que pretende estabelecer compromissos mais rígidos com a identificação e o comportamento dos membros das organizadas. A proposta prevê, primordialmente, o uso obrigatório do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) para facilitar o controle individualizado dos torcedores.
A medida surge, aliás, em meio a um momento de insatisfação crescente por parte dos torcedores, que vêm protestando contra os altos preços dos ingressos e contra medidas recentes adotadas pela gestão do estádio. Uma das críticas mais recorrentes refere-se à perda da atmosfera tradicional das arquibancadas do Maracanã, o que, conforme o clube, impacta diretamente o apoio ao time durante as partidas.
Nesse contexto, o Flamengo considera que a presença das torcidas organizadas é fundamental para a criação de um ambiente mais vibrante e acolhedor. “Estamos buscando, por meios legais, o retorno das organizadas, com regras claras, a fim de garantir mais apoio à equipe e mais festa nas arquibancadas”, afirmou um dirigente envolvido nas tratativas.
O novo TAC propõe, portanto, a reintegração das torcidas por um período de cinco anos, até 2028, com a condição de que os grupos cumpram rigorosamente os termos estabelecidos. A iniciativa inclui também a renovação do compromisso de civilidade e a aceitação de mecanismos de controle mais rigorosos.
Ainda que a decisão final dependa da avaliação e aprovação por parte das autoridades competentes, o clube acredita que a construção de um acordo transparente pode beneficiar tanto a segurança pública quanto o espetáculo esportivo. Afinal, a volta das organizadas, com uma conduta adequada, pode representar uma reaproximação importante entre clube e seus torcedores mais atuantes.
Por fim, o Flamengo reforça que está aberto ao diálogo com todos os envolvidos, incluindo o Ministério Público, a Polícia Militar e a Secretaria de Segurança, para construir uma solução que seja segura e viável. Conforme fontes internas, o clube tem atuado nos bastidores com o intuito de obter apoio político e institucional, sobretudo porque reconhece que a reintegração dessas torcidas não será simples, mas é vista como essencial para a retomada de um ambiente de maior identidade nas arquibancadas.