Menos de um ano após ser adquirido por uma empresa vinculada à família de Kylian Mbappé, o Caen foi rebaixado para a terceira divisão do futebol francês. A queda foi confirmada na sexta-feira (18), após a equipe ser derrotada por 3 a 0 pelo Martigues, em pleno Stade Michel d’Ornano, diante de mais de 18.600 torcedores.
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Com o resultado, o clube alcançou sua vigésima derrota na temporada e permanece com apenas 21 pontos em 31 rodadas da Ligue 2, sem qualquer chance matemática de escapar do descenso.
Essa será a primeira vez desde 1983 que o Caen disputará a Terceirona. A situação gerou revolta nos torcedores, que exibiram uma faixa contundente no estádio: “Administração e jogadores: todos culpados, todos fora”.
Investimento milionário e expectativa frustrada
A aquisição do Caen ocorreu em julho de 2024, quando a Coalition Capital, fundo administrado pela família de Mbappé, tornou-se acionista majoritária ao investir cerca de 15 milhões de euros — o equivalente a R$ 91 milhões à época. A transação foi conduzida pela KM7, empresa comandada por Fayza Lamari, mãe do jogador, e inserida em um conglomerado familiar que atua na gestão de carreiras esportivas, filantropia e publicidade.
Na ocasião, o astro francês se tornou, aos 25 anos, o proprietário mais jovem da história de um clube profissional. “Essa aquisição é parte do nosso projeto de longo prazo no futebol. Queremos desenvolver talentos e fortalecer estruturas”, declarou Fayza Lamari no anúncio do negócio.
Antes da venda, o Caen era controlado majoritariamente pelo grupo norte-americano Oaktree, também dono da Inter de Milão. Com a saída dos antigos investidores, a chegada de Mbappé e sua equipe foi tratada com entusiasmo, afinal o clube foi apontado como um dos principais candidatos ao acesso à Ligue 1.
Desempenho técnico comprometedor
A campanha do Caen nesta temporada foi desastrosa sob todos os aspectos. O clube foi o que menos venceu na competição, somando apenas cinco triunfos, e registrou a pior defesa do campeonato, com 51 gols sofridos. Além disso, o desempenho irregular em casa e a instabilidade tática agravaram a situação, comprometendo o planejamento e frustrando as expectativas iniciais.
De acordo com o jornal francês L’Équipe, o rebaixamento foi tratado com extrema preocupação pela nova diretoria, que pretendia reposicionar o Caen como uma potência emergente do futebol francês. O cenário atual, contudo, revela o oposto: uma gestão que ainda busca encontrar equilíbrio entre ambição e execução, num momento em que o clube precisará se reestruturar profundamente para evitar novos retrocessos.