O Conselho Deliberativo do Flamengo marcou uma reunião para a próxima terça-feira, dia 29, com o propósito de apresentar os termos do contrato de direitos televisivos que a Libra firmou com a TV Globo. A atual gestão do clube, entretanto, critica veementemente este acordo.
Notícias mais lidas:
Um comunicado interno informou sobre o encontro, mencionando uma sugestão anterior feita durante uma reunião sobre o início da gestão. O documento convida os conselheiros para uma apresentação do Conselho Diretor, na qual a diretoria detalhará o contrato de direitos de transmissão assinado via Clubes Libra.
A convocação visa, primordialmente, “esclarecer dúvidas, compartilhar informações e alinhar os próximos passos relacionados a esse acordo”, conforme explicitado no comunicado. Durante a reunião anterior do Conselho Deliberativo mencionada, BAP expressou fortes críticas ao contrato firmado entre Libra e Globo para a transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro no período de 2025 a 2029.
Impacto financeiro e mudança de métricas
A diretoria atual entende que o Flamengo pode ter uma perda de receita de até R$ 500 milhões ao longo dos cinco anos de vigência do contrato. Essa projeção decorre, principalmente, de uma alteração crucial em uma das cláusulas contratuais.
Inicialmente, o acordo previa o “engajamento” como o fator determinante para a distribuição das receitas entre os clubes participantes. Contudo, uma modificação posterior estabeleceu a “audiência” como a nova métrica para essa divisão.
A fórmula de cálculo da audiência considera a soma de indivíduos que assistiram aos jogos ao vivo do clube (mandante e visitante), dividida por dois, e então dividida pelo número total de indivíduos que assistiram aos jogos da Série A na plataforma.
Por outro lado, o critério de “engajamento” analisava um espectro mais amplo de fatores, para além do simples número de espectadores. Ações como comentários, curtidas e compartilhamentos nas transmissões ou plataformas relacionadas entrariam nesse cálculo, oferecendo uma visão diferente da interação do torcedor. A mudança representa uma alteração substancial na forma como o dinheiro será distribuído.
Concessões contratuais e insatisfação Rubro-Negra
Existe um entendimento dentro do clube de que a gestão anterior, sob o ex-presidente Rodolfo Landim, não apenas aceitou uma potencial redução de receita para o Flamengo ao assinar o acordo com a Libra, mas também consentiu com um possível aumento nas receitas de outros clubes do bloco. É importante notar que o Conselho Deliberativo aprovou a assinatura do contrato na época.
Outro ponto que Bap questiona refere-se à renúncia de direitos que estavam presentes no contrato anterior de direitos de TV do Flamengo. Para se adequar aos termos propostos pela Libra, o clube aceitou abrir mão de um valor mínimo garantido anualmente, renunciou a compromissos específicos de Marketing e Mídia associados à transmissão. Também cedeu o direito de utilizar conteúdos audiovisuais dos próprios jogos.
Ademais, o contrato atual não prevê aumento no valor pago pela Globo aos clubes caso mais equipes da Libra ascendam à Série A. Ou seja, se um décimo clube do bloco chegar à primeira divisão em 2026, o montante total permanecerá o mesmo, necessitando divisão entre mais participantes. Inversamente, o acordo estipula uma diminuição no valor caso algum clube deixe o bloco ou seja rebaixado.

Toda essa conjuntura de insatisfação levou o Flamengo a exigir mudanças na divisão de receitas proposta pela Libra. Caso as demandas não sejam atendidas, o clube já sinalizou a possibilidade de deixar o bloco. Embora a Libra tenha aceitado incluir Bap em seu Conselho Diretor como um gesto para mitigar os questionamentos, a relação entre as partes permanece tensa.
Diante dessa divergência, o Flamengo decidiu negociar seus direitos internacionais de forma independente. Logo, a FlamengoTV garantiu 19 jogos do time como mandante no Brasileirão.