Jornalista da Rede Globo é sincero ao falar sobre a fase do Botafogo

Botafogo x Estudiantes pela Libertadores (Foto: Reprodução/Conmebol)

A atual fase do Botafogo gerou um sentimento de profunda melancolia no jornalista Alexandre Alliatti, do Globo Esporte. Afinal, o time que dominou o futebol brasileiro em 2024 rapidamente perdeu sua identidade e força competitiva — algo que o comunicador escreve com pesar em sua coluna.

O jornalista aponta a autossabotagem como o motor desse colapso. A ausência de treinador por 55 dias, a reposição insuficiente para as saídas de Thiago Almada e Luiz Henrique e a perda de peças importantes do elenco foram determinantes. A contratação de Renato Paiva também é criticada. Alliatti observa que “o time é pobre taticamente”, algo que, a seu ver, não se explica apenas pela má fase dos jogadores, mas também pela falta de um trabalho técnico mais consistente.

Embora o goleiro John tenha falhado grotescamente na derrota para o Estudiantes, Alliatti sublinha que a responsabilidade maior recai sobre John Textor, proprietário do futebol do Botafogo, acusado de cometer o “pecado da autossuficiência”.

A sucessão de maus resultados, como quatro derrotas fora de casa sob o comando de Paiva, sem sequer marcar gols, é tratada como reflexo de uma gestão que perdeu a autocrítica e a capacidade de reação.

Entretanto, o jornalista reconhece que há lampejos de esperança. Apesar das más atuações, Alliatti acredita que ainda existe a possibilidade de reconstrução: “É possível resgatar a memória do que restou daquela ótima equipe e aproveitar os reforços para criar, com atraso, a versão 2025 do Botafogo”. Essa visão, ainda que moderadamente otimista, ressalta que o problema é grave, mas não irremediável.

Fatores que aprofundaram a crise

A análise detalhada publicada posteriormente no Globo Esporte complementa as críticas de Alliatti, oferecendo um diagnóstico preciso das causas do declínio alvinegro. Primeiramente, o planejamento para a temporada foi altamente questionável. A visão de que “o ano começaria em abril”, propagada por John Textor, resultou em um elenco mal preparado frente aos rivais, que estavam em atividade plena desde janeiro.

Além disso, a demora de 55 dias para contratar Renato Paiva deixou o grupo à deriva em um momento crucial. A ausência de um técnico efetivo afetou a absorção de conceitos táticos e provocou instabilidade emocional e técnica. Salvo algumas exceções, os reforços adquiridos na janela de transferências do início do ano tampouco resolveram os problemas: jogadores como Rwan Cruz e Elias Manoel pouco foram utilizados.

Ainda assim, mesmo com investimento superior a R$ 500 milhões, a reposição das perdas técnicas foi insuficiente. As saídas de Luiz Henrique e Almada, peças-chave no título da Libertadores e no tricampeonato do Brasileiro, deixaram lacunas não preenchidas de forma adequada, impactando diretamente no desempenho coletivo.

O início de temporada foi tratado como uma espécie de “pré-temporada”, com Textor minimizando derrotas em torneios como Supercopa Rei e Recopa Sul-Americana. Essa postura gerou desconforto entre os jogadores, que se sentiram desvalorizados, e entre os torcedores, que passaram a pressionar publicamente tanto o técnico quanto o proprietário da SAF.

Outro agravante foi o uso descuidado de titulares em jogos considerados de menor importância. A lesão de Bastos, ocorrida em partida contra o Nova Iguaçu, é citada como exemplo dessa gestão inadequada do elenco. Posteriormente, a falta de profundidade na zaga prejudicou o time em momentos decisivos.