Flamengo

Ministério Público se manifesta sobre caso de Bruno Henrique, do Flamengo

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), está revisando minuciosamente as mensagens extraídas do telefone celular do atacante Bruno Henrique e de outros envolvidos antes de decidir sobre o oferecimento de denúncia. A medida ocorre no âmbito da investigação sobre um suposto esquema de manipulação de resultados relacionados a apostas esportivas.

O jogador do Flamengo foi indiciado pela Polícia Federal sob suspeita de estelionato e fraude em competição esportiva. Conforme apurado, a PF concentrou seu relatório em conversas mais explícitas que sugerem o envolvimento direto de Bruno Henrique em favorecimento a apostadores. Entretanto, o MPDFT considera essencial uma análise mais abrangente de todas as mensagens capturadas, indo além do material previamente destacado pela polícia.

“Registra que, nos próximos dias, se dedicará ao estudo dos elementos de convicção e probatórios carreados aos autos para possível formulação de denúncia ou, quiçá, para determinação de novas diligências investigativas”, informou o Gaeco em petição judicial.

A defesa do atacante, representada pelo advogado Ricardo Pieri Nunes, afirmou que Bruno Henrique “nunca esteve envolvido em esquema de apostas”. Ainda assim, o Ministério Público ressalta que a investigação está em fase de aprofundamento, a fim de garantir que todas as provas sejam devidamente avaliadas antes de qualquer definição.

Conversas e movimentações suspeitas

As investigações apontaram que Bruno Henrique, seu irmão Wander Nunes Pinto Júnior e outros familiares figuram entre os dez indiciados pela PF. Um dos focos principais é a derrota do Flamengo para o Santos, em rodada válida pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2023.

Aliás, naquela ocasião, a movimentação atípica nas casas de apostas chamou a atenção: mais de 95% das apostas estavam direcionadas para a possibilidade de o atacante receber um cartão amarelo.

De acordo com informações fornecidas pelas plataformas Betano, GaleraBet e KTO, o volume de apostas em torno da punição ao jogador foi surpreendentemente elevado. A Betano, por exemplo, revelou que 98% das apostas indicavam Bruno Henrique como provável recebedor de um cartão. Similarmente, a GaleraBet registrou 95% de apostas na mesma linha.

Eventualmente, mensagens obtidas no celular de Wander evidenciam diálogos em que Bruno Henrique teria antecipado informações sobre a possibilidade de ser advertido durante a partida. Em uma dessas trocas, Wander questiona: “Será que vai aguentar ficar até lá sem cartão?”.

O jogador responde que só receberia o cartão se “entrasse forte em alguém”, e, na sequência, o irmão afirma que iria “guardar dinheiro”, indicando intenção de apostar no evento.

Operação conjunta e bloqueio de apostas

Enquanto isso, a investigação identificou que Wander, irmão de Bruno Henrique, chegou a solicitar um empréstimo de R$ 4 mil ao jogador. Em mensagens, justificou a necessidade mencionando dificuldades financeiras e o bloqueio de valores decorrentes das apostas na plataforma Blaze.

“Coloquei [R$] 3 [mil] pra ganhar [R$] 12 [mil], e eles bloquearam por suspeita”, relatou Wander, reforçando o argumento de que a casa de apostas detectou comportamento incomum.

Conforme o diálogo, Wander pediu ajuda financeira para saldar dívidas e pagar pensões alimentícias atrasadas. Ele ainda sugeriu que o valor emprestado poderia ser descontado de uma futura compra de imóvel. “Se você me ajudar nessa aí, você vai me salvar, não tenho nem mais onde recorrer”, escreveu.

É importante destacar que a PF apreendeu o celular de Bruno Henrique, mas encontrou dificuldades para recuperar evidências diretas, pois 3.989 conversas no WhatsApp estavam apagadas ou vazias. Apesar disso, os agentes conseguiram localizar conteúdos comprometedores no dispositivo de seu irmão, fortalecendo a suspeita de envolvimento do atacante.

Andamento e próximos passos

Atualmente, o MPDFT analisa detidamente o material apreendido para decidir os rumos da ação. Em caso de insuficiência de provas, poderá solicitar novas diligências. Contudo, caso entenda haver base sólida, o órgão poderá formalizar a denúncia contra o atleta.

O Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) foi descartado desde já, pois os crimes imputados ao jogador ultrapassam a pena mínima exigida para esse benefício, que é inferior a quatro anos. Assim sendo, a expectativa é de que a definição sobre o caso aconteça nos próximos dias, em conformidade com o andamento das análises.

Ana Teixeira

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